Açoriano Oriental
Governo português lamenta decisão, reitera defesa de interesses portugueses
O ministro dos Negócios Estrangeiros português lamentou hoje profundamente a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia, considerando que é um "dia triste", e reiterou que os interesses das comunidades portuguesas naquele país serão "defendidos e protegidos".

Autor: Lusa/AO Online

“Em primeiro lugar, lamentamos profundamente, mas respeitamos a decisão do povo britânico. Hoje é um dia triste, é mau dia para a Europa, mas a Europa tem de seguir em frente”, disse à Lusa o ministro Augusto Santos Silva.

O governante sublinhou que Portugal tem uma comunidade “muito forte” no Reino Unido e reiterou que “os interesses da comunidade serão defendidos e protegidos pelas autoridades portuguesas”.

Questionado de que forma o Governo português procurará acautelar os interesses dos portugueses no Reino Unido, Santos Silva disse acreditar que os dois países conseguirão encontrar soluções, a nível bilateral, além da negociação com a União Europeia.

“Confio que a negociação entre a União Europeia e o Reino Unido salvaguardará os interesses dos europeus que residem e trabalham no Reino Unido, como também estou certo que, no plano bilateral, nós e o Reino Unido saberemos encontrar condições que permitam que a contribuição muito forte dos portugueses para a economia e a sociedade britânica se mantenha e se desenvolva”, sustentou.

O governante português recordou que começará agora um processo negocial “muito longo e muito complexo” para a “saída voluntária” do Reino Unido do grupo dos 28, que se prolongará por dois anos e, até lá, “vigoram todos os direitos e todos os deveres”.

“Não há que ter nenhuma espécie de precipitação e é preciso ter muita prudência e muita abertura de espírito para que a negociação se faça nas melhores condições possíveis”, defendeu.

“Devemos ser muito claros. O lugar de Portugal é a Europa, é a União Europeia, não há nenhuma dúvida sobre isso, essa é a nossa escolha”, disse o ministro, ao mesmo tempo que lembrou que Portugal e o Reino Unido têm “uma relação bilateral muito antiga e bastante forte” que, sublinhou, “não está em perigo, vai desenvolver-se”.

Na negociação que agora se vai desenvolver, será necessária, considerou, “toda a prudência e toda a abertura de espírito” para que “se desenrole nas melhores condições possíveis para todos”.

Questionado sobre o que deverá a União Europeia repensar a partir de agora, Santos Silva referiu que “o projeto europeu não está em causa” e que esta é “uma oportunidade” para “respeitar melhor as opiniões e as vontades” das populações.

“Espero que esta ocasião seja uma oportunidade para nós, na União Europeia, levarmos a sério a necessidade de comunicar melhor com os cidadãos e a respeitar melhor as opiniões e as vontades das nossas populações”, sustentou.

O chefe da diplomacia portuguesa afirmou que “o projeto europeu não está em causa, a construção europeia não está em causa”.

Os 27 Estados-membros, após a saída do Reino Unido, “continuarão certamente a desenvolver o projeto europeu e tudo isso se deve fazer sem nenhuma precipitação nem deriva”, mas “com firmeza e de forma a envolver mais as pessoas, a mobilizar mais os cidadãos”, considerou.

A União Europeia atravessa “um momento muito difícil”, enfrentando “várias crises”, desde os refugiados à ameaça terrorista e ao “distanciamento das populações face ao projeto e ao ideal europeu”, mas, “em momentos de crise, devemos conservar a cabeça fria”, defendeu.

Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido vai sair a União Europeia, depois de o 'Brexit' ter conquistado 51,9 por cento dos votos no referendo de quinta-feira, cuja taxa de participação foi de 72,2%.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou já a intenção de se demitir em outubro, na sequência deste resultado,

As principais bolsas europeias abriram hoje em forte queda, com a bolsa de Londres a descer perto dos 8%.

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