Autor: Lusa/AO Online
“Quero acreditar que a partir do mês de outubro teremos uma nova realidade no transporte marítimo de mercadorias, em que o porto da Praia da Vitória terá um papel reforçado”, afirmou, em declarações aos jornalistas, o presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo, Marcos Couto.
O representante dos empresários das ilhas Terceira, Graciosa e São Jorge falava, na Praia da Vitória, à margem de uma reunião com a secretária regional do Turismo, Mobilidade e Transportes, Berta Cabral, e com os armadores que asseguram as ligações de transporte marítimo de mercadorias para os Açores.
A operadora Transinsular já tinha anunciado que a partir de setembro iria aumentar a capacidade de transporte marítimo para os Açores, com um novo navio e mais escalas semanais.
Segundo Marcos Couto, também a GS Line e a Mutualista vão reforçar as ligações marítimas para os Açores.
“Temos mais oferta, mais navios, diferentes escalas. Iremos melhorar aquilo que a câmara de comércio sempre defendeu, que é a previsibilidade e a frequência com que as escalas acontecem, de forma a que os comerciantes possam ter clara noção de quando importar, quando exportar, com que volumes e com o mínimo de alterações possíveis”, adiantou.
O presidente da associação empresarial tem sido crítico da operação de transportes marítimos para a ilha Terceira, denunciando atrasos e alterações nas escalas, com prejuízos avultados para os empresários.
No entanto, com as alterações previstas Marcos Couto disse acreditar que os constrangimentos relativos à previsibilidade e fiabilidade das ligações serão resolvidos.
“Saio daqui bastante satisfeito e confiante de que teremos um futuro claramente melhor do que foram os últimos dois anos”, salientou.
A titular da pasta dos Transportes nos Açores defendeu que com a entrada do novo navio da Transinsular a situação do transporte marítimo de mercadorias no arquipélago é “completamente diferente” do que era “há um mês e meio”.
“Já estamos numa situação completamente diferente. Já estamos a perspetivar a continuação desse investimento. A Transinsular entrou com outro navio em setembro, a Mutualista e a GS Lines vão reforçar a sua operação também com navios diretos e outros a irem para cada uma das ilhas, de forma que criem uma rede de transporte marítimo também dentro dos Açores”, apontou.
Segundo Berta Cabral, houve um reforço de ligações marítimas em várias ilhas.
“A Graciosa já está com dois toques semanais e só tinha um quinzenal até há pouco tempo. Santa Maria tem um toque semanal. Velas [São Jorge] chega a ter três toques semanais. E são as ilhas mais pequenas, porque São Miguel e Praia da Vitória [Terceira] é quase todos os dias”, disse.
A secretária dos Transportes admitiu que “os atrasos em cadeia foram o dia-a-dia durante os últimos sete, oito meses”, justificando-os com o aumento da procura, tanto para importações como para exportações.
“Tudo isto leva a um ajustamento que não é rápido, porque os navios não se encontram na esquina da rua. É preciso investir, é preciso procurar. Fizemos sempre a nossa magistratura de influência junto dos armadores, porque são empresários privados e têm as suas próprias estratégias”, alegou.
A governante sublinhou que os Açores não podiam continuar “com o mesmo número de navios, com mais carga para transportar”.
“Há muito tempo que o Governo andava a insistir que era necessário aumentar a oferta de transporte, porque havia muita procura, quer para o abastecimento, quer para a exportação”, reforçou.