Autor: Lusa/AO Online
Lembrando que, segundo o acordo, todos os reféns, vivos e mortos, deveriam ter sido devolvidos até há duas semanas, o Fórum das Famílias solicitou, em comunicado, “ao Governo israelita e aos mediadores que não avancem para a próxima fase do acordo até que o Hamas cumpra todas as suas obrigações”.
Em vigor desde 10 de outubro, o cessar-fogo foi alcançado após o anúncio de um plano de 20 pontos impulsionado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, e semanas depois do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ordenar uma nova invasão terrestre à cidade de Gaza.
Numa primeira fase, o acordo permitiu a libertação pelo Hamas e por outras fações extremistas palestinianas dos últimos 20 reféns vivos e dos corpos de 15 reféns, em troca de cerca de 2.000 prisioneiros palestinianos e dos restos mortais de habitantes de Gaza.
No âmbito do acordo, o grupo islamita palestiniano Hamas deveria ter devolvido 28 corpos de reféns que estavam na sua posse, mas até à data só entregou 15, alegando dificuldades em encontrar os cadáveres no território devastado pela ofensiva israelita.
A segunda fase do plano de tréguas inclui o desarmamento do grupo islamita palestiniano, a continuação da retirada israelita de Gaza e a criação de uma administração civil para iniciar a reconstrução do território, pontos que permanecem em aberto para discussão.
“As famílias pedem ao Governo israelita, ao Governo norte-americano e aos mediadores que não avancem para a próxima fase do acordo [de cessar-fogo] até que o Hamas cumpra todas as suas obrigações e devolva todos os reféns a Israel”, referiu o comunicado divulgado pela organização.
“O Hamas sabe exatamente onde está cada um dos reféns falecidos. Passaram duas semanas desde o prazo estabelecido no acordo para o regresso dos 48 reféns, e 13 permanecem retidos”, denunciaram.
As famílias dos reféns apelaram ao Governo israelita e às partes mediadoras para que tomem “medidas imediatas e decisivas para garantir que o Hamas cumpre integralmente os seus compromissos” e devolva os restantes corpos.
O Hamas, juntamente com outras milícias de Gaza, mantém os corpos de 13 reféns, incluindo indivíduos que morreram em cativeiro, assassinados a 07 de outubro de 2023, e um corpo que se encontra no enclave desde 2014, o do soldado israelita Hadar Goldin.
Durante as negociações de cessar-fogo, o Hamas informou os mediadores que nem todos os corpos estavam na sua posse e que, uma vez iniciada a trégua, teria de tentar localizar os restantes corpos.
Há quase uma semana que o Hamas não devolve qualquer corpo, embora prossigam as escavações em Gaza para recuperar os restantes 13.
Os islamitas alargaram, no domingo, as buscas para zonas para lá da “linha amarela”, ou seja, as que permanecem sob controlo militar do Exército israelita.
A operação, conduzida pela organização internacional Crescente Vermelho, entidade federada com a Cruz Vermelha, foi solicitada por ambas as partes, sendo que a equipa é composta exclusivamente por pessoal técnico, sem presença militar.
Mediadores internacionais, com destaque para os Estados Unidos, têm pressionado o Hamas para que conclua a entrega dos corpos, etapa considerada essencial para avançar para a segunda fase do plano.
A guerra que motivou o cessar-fogo começou em 07 de outubro de 2023, depois de o Hamas ter matado cerca de 1.200 pessoas em Israel e raptado 251, que levou para Gaza como reféns.
A retaliação israelita causou mais de 68.000 mortos na Faixa de Gaza e a destruição de grande parte das infraestruturas do território.
Israel foi acusado de genocídio e de usar a fome como arma de guerra, o que nega.
O Hamas é considerado uma organização terrorista por vários países, incluindo Israel e Estados Unidos.