Açoriano Oriental
Voos ilegais da CIA em Portugal
Eurodeputado diz que não há indícios
O eurodeputado Carlos Coelho afirmou sábado à noite que “até agora não houve nenhum indício claro” que comprometa Portugal no caso dos voos da CIA de transporte ilegal de prisioneiros, mas sublinhou que é necessário “esperar por mais revelações”.

Autor: Lusa/AOonline
“Em Portugal nunca houve prisões secretas, em Portugal nunca houve tortura ou conivência com essas práticas. A questão é de saber se houve ou não transferência ilegal de prisioneiros tirando partido de facilidades portuguesas, isto é, utilizando o espaço aéreo ou os aeroportos. Até agora, não houve nenhum indício claro que isso tivesse sucedido”, disse Carlos Coelho em declarações à Agência Lusa.

    Carlos Coelho, eleito pelo PSD, manifestou-se “convencido de que Portugal é dos países menos comprometidos com o que se passou”, mas sublinhou a necessidade de “esperar por mais revelações”.

    “À medida que o tempo corre, vão-se sabendo cada vez mais segredos que ainda estão escondidos relativamente a este dossier”, acrescentou.

    O jornal espanhol El Pais divulgou recentemente documentos secretos que demonstram que em 2002 as autoridades norte-americanas pediram autorização ao governo espanhol, na altura liderado por José Maria Aznar, para realizar escalas em aeroportos espanhóis.

    O mesmo jornal aponta que Portugal terá sido outros dos países avisados da utilização do seu território para escalas dos voos da CIA.

    Por outro lado, o jornalista Rui Costa Pinto, autor do livro "Voos Secretos CIA - Nos Bastidores da Vergonha", considerou impossível que as “secretas” e o Governo português não soubessem ou desconfiassem da utilização de aeroportos para transporte de prisioneiros para Guantanamo.

    Para Carlos Coelho, “provavelmente” será necessário esperar que decorra o tempo previsto na legislação norte-americana para a desclassificação de documentos secretos para “se fazer luz sobre o que se passou nos últimos anos”.

    No entanto, Carlos Coelho considera que mais importante do que “lamentar” o que se passou é que os estados europeus tomem as medidas que garantam que essas actividades “ou sejam difíceis ou muito mais difíceis de se repetir”.

    “O Parlamento Europeu aprovou em 2007 um conjunto significativo, várias dezenas, de recomendações aos estados-membros e a sensação que tenho é que na maior parte dos casos essas recomendações não foram implementadas”, referiu.

    Segundo Carlos Coelho, o Parlamento Europeu está agora a fazer o chamado processo de "follow up", para tentar perceber qual a “extensão” das recomendações que não foram aplicadas e quais as justificações que os governos dão “para não lhes darem cumprimento”.

    Carlos Coelho falou em Ponte da Barca, à margem de uma conferência sobre “Europa com Futuro - Vencer os Desafios de 2009”, promovida pela JSD local.

   


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