Açoriano Oriental
Casamentos descem em 2024, mas divórcios mantêm-se elevados nos Açores

A vida conjugal nos Açores entre 2021 e 2024 registou uma recuperação dos casamentos após a pandemia, mas em 2024 houve uma descida que os afasta ainda dos níveis de 2019, enquanto os divórcios se mantêm elevados.

Casamentos descem em 2024, mas divórcios mantêm-se elevados nos Açores

Autor: Filipe Torres

A vida conjugal na Região Autónoma dos Açores tem sofrido mudanças significativas entre 2021 e 2024. Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE), consultados pelo Açoriano Oriental, revelam que, embora os casamentos tenham recuperado após a pandemia, em 2024 registou-se uma descida que os afasta ainda dos valores de 2019, enquanto o número de divórcios continua a ser expressivo.

Entre 2021 e 2024, celebraram-se nos Açores entre 837 e 945 casamentos por ano, com 871 uniões em 2024. Estes números mostram uma recuperação face ao período mais restritivo da Covid-19, mas permanecem abaixo das 958 uniões registadas em 2019, o último ano antes da pandemia.

Por outro lado, os divórcios mantiveram-se em patamares elevados, com 603 em 2021, 581 em 2022 e 546 em 2023. Apesar de ligeiramente abaixo dos 590 registados em 2019, estes valores representam ainda uma taxa de dissolução significativa para uma região com população relativamente reduzida. Para 2024, os dados ainda não estão disponíveis.

Para a socióloga e professora catedrática da Universidade dos Açores, Gilberta Pavão Nunes Rocha, a interpretação destes números deve ser feita com cautela: “Sempre que estamos em presença de pequenos números é problemática uma análise demográfica, que pela sua base estatística é sustentada em grandes números. (...) Isso obriga a uma leitura prudente, de pelo menos dez anos, para perceber tendências consistentes.”

Ainda assim, a docente reconhece ao Açoriano Oriental que se podem detetar sinais de mudança estrutural. “Numa ótica de longo prazo é visível a diminuição dos casamentos e até o aumento dos divórcios, não por uma relação direta, mas porque ambos os fenómenos se inserem em mudanças sociais significativas da sociedade. O casamento já não tem a importância que tinha no passado e o conceito de família, mesmo a família nuclear é entendida e aceite socialmente nas suas diversas vertentes, com base no casamento, na união de facto ou simples vivência conjunta”, explica.

Quanto à influência de fatores externos, como crises económicas ou a pandemia, Gilberta Rocha admite que estes podem atuar em sentidos contraditórios: “As pessoas podem divorciar-se mais devido à tensão gerada pelos problemas, mas também podem evitar o divórcio por razões económicas, dificuldade de arranjar casa, que passará a ser paga por uma só pessoa, sustento dos filhos, etc. Pode também haver diminuição de casamentos ou outras uniões também por dificuldade económica, de habitação”.

Em relação aos números por ilha, São Miguel concentrou a maioria dos casamentos, com destaque para Ponta Delgada, que somou 1.018 uniões entre 2021 e 2024, das quais 326 no último ano. Seguiram-se Ribeira Grande (443), e Lagoa (329). No mesmo período, São Miguel liderou também nos divórcios, com Ponta Delgada a atingir 655 separações, seguida de Ribeira Grande (193) e Lagoa (90).

Na Terceira, Angra do Heroísmo contou 647 casamentos e 219 divórcios, enquanto Praia da Vitória registou 206 uniões e 141 dissoluções. No Faial, a Horta apresentou 194 casamentos e 98 divórcios. Já o Pico totalizou 186 uniões e 99 separações, repartidas pelos três concelhos.

Nas ilhas com menos habitantes, os números foram inferiores: 37 casamentos e 25 divórcios na Graciosa, 72 e 49 em São Jorge, 66 e 30 em Santa Maria, 35 e 30 nas Flores, e apenas 5 casamentos e 2 divórcios no Corvo.

PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados

Este site utiliza cookies: ao navegar no site está a consentir a sua utilização.
Consulte os termos e condições de utilização e a política de privacidade do site do Açoriano Oriental.