Autor: Lusa/AO Online
“Uma intervenção estrangeira em parte do território ucraniano (...) é totalmente inaceitável para a Rússia”, afirmou o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, após conversações com o homólogo indiano, Subrahmanyam Jaishankar, em Moscovo.
Lavrov disse que as discussões do Ocidente com Kiev “estão, na essência, relacionados com a prestação de garantias através da intervenção militar estrangeira em alguma parte do território ucraniano”.
Afirmou esperar que “aqueles que estão a forjar tais planos” compreendam que o envio de tropas europeias para a Ucrânia será também inaceitável para “todas as forças políticas sensatas na Europa”.
Lavrov também acusou a Ucrânia de não querer uma “solução justa e duradoura” para o conflito, num momento em que os esforços diplomáticos se intensificaram na sequência de encontros impulsionados pelo Presidente norte-americano, Donald Trump.
“O regime ucraniano e os seus representantes (...) mostram claramente que não estão interessados numa resolução justa e duradoura”, afirmou durante numa conferência de imprensa conjunta com Jaishankar.
Lavrov disse que os objetivos da liderança ucraniana, “certamente alimentados pelos patrocinadores ocidentais do regime de Kiev, são dirigidos contra os esforços que o Presidente Donald Trump está a fazer”, segundo noticiou a agência oficial russa TASS.
Lavrov criticou o que descreveu como a pressa do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em realizar uma cimeira com o homólogo russo, Vladimir Putin, em solo europeu, de acordo com a agência espanhola EFE.
Considerou que Zelensky está a tentar substituir o trabalho diplomático “sério, árduo e difícil” para alcançar um acordo duradouro por uma cimeira prematura.
O ministro comparou a postura de Zelensky com os efeitos e truques que usava quando trabalhava como comediante na televisão russa e ucraniana antes de se tornar Presidente em 2019.
“Lembram-se que ele [Zelensky] afirmou durante muito tempo que nunca manteria conversações com Putin. Ainda não revogou o seu decreto de há três anos, que proíbe expressamente negociações com Putin”, afirmou.
Lavrov pôs ainda em dúvida a legitimidade de Zelensky para assinar um futuro acordo de paz, dado que Moscovo o considera um presidente ilegítimo desde maio de 2024, quando terminou o mandato.
A Ucrânia argumenta que ainda não realizou eleições presidenciais por estar em guerra, iniciada pela Rússia em fevereiro de 2022, quando invadiu o país vizinho.