Autor: Ana Carvalho Melo
O cancro da mama é, atualmente, o cancro com maior incidência nas mulheres dos Açores, sendo que a Região regista uma média de 110 a 120 novos casos por ano desta doença.
“Nas mulheres, o cancro da mama é o que tem maior incidência. Na região, os números variam, mas registamos uma média de 110 a 120 casos anuais”, revelou ao Açoriano Oriental João Macedo, presidente do conselho de administração do Centro de Oncologia dos Açores (COA).
De acordo com o responsável, o número de casos de cancro da mama tem apresentado alguma tendência de crescimento - uma realidade verificada a nível nacional e europeu -, explicada por vários fatores, sendo o principal o envelhecimento da população, seguida da melhoria dos procedimentos de diagnóstico e de registo também contribui para o aumento dos números.
“Os números vão variando, mas existe sempre alguma tendência de crescimento, o que é também uma realidade transversal a nível nacional e europeu. O envelhecimento da população, que é talvez o maior fator de risco para o aparecimento do cancro, é cada vez maior. No entanto, esse aumento pode também ser explicado pela melhoria dos procedimentos de diagnóstico”, explicou, referindo ainda que existem fatores de risco mais gerais, como fatores genéticos, bem como fatores ligados aos estilos de vida (consumo de tabaco, álcool, etc.).
Para João Macedo, a deteção precoce é fundamental e constitui o aspeto mais importante no combate à doença.
“A deteção precoce é, efetivamente, muito importante e uma das maiores armas para combater a doença. A primeira forma de combatermos o cancro é evitá-lo, o que está relacionado com a questão dos hábitos de vida. Há uma percentagem muito elevada de cancros que seriam evitáveis através da mudança dos estilos de vida. A segunda melhor forma é através da deteção precoce”, defendeu.
Nesse sentido, realçou que a Região possui, desde 2008, um rastreio organizado do cancro da mama (ROCMA), que abrange todas as mulheres entre os 45 e os 74 anos.
“Temos duas unidades móveis de rastreio que se deslocam a todos os concelhos dos Açores para realizar o exame. Assim, todas as mulheres nestas idades e inscritas nos centros de saúde da Região são convocadas. Se, por alguma razão, souber que a unidade móvel está na sua zona de residência e não tiver recebido a convocatória, pedimos que nos contactem”, solicitou.
Acrescentou ainda que se trata de um exame “muito simples, que demora pouco mais de cinco minutos, é totalmente gratuito e seguro, e tem, efetivamente, um impacto muito positivo na saúde da população”.
De acordo com João Macedo, em 2024 foram realizados aproximadamente entre 12 mil e 13 mil rastreios nos Açores, tendo sido utilizadas as duas unidades móveis.
Ainda sobre o cancro da mama, João Macedo realçou que, devido à deteção precoce e à evolução tecnológica e médica, o cancro da mama já não deve ser considerado uma “fatalidade”.
“A notícia de que temos um cancro ninguém a quer ouvir. Mas, com a evolução da tecnologia, a nível terapêutico e dos meios de diagnóstico que permitem uma deteção precoce, temos de ter confiança - até porque é um dos cancros com maior taxa de sobrevivência”, concluiu.