Açoriano Oriental
Programa “Novos Idosos” já apoiou mais de 500 idosos

Vice-presidente do Governo, Artur Lima, assegurou que o programa “Novos Idosos” irá manter-se. O governante revelou ainda que a União Europeia demonstra disponibilidade para continuar a apoiar a iniciativa fora do âmbito do PRR, sublinhando os resultados alcançados desde 2022 e o impacto “estruturante” que tem tido na vida dos idosos

Programa “Novos Idosos” já apoiou mais de 500 idosos

Autor: Ana Carvalho Melo

O vice-presidente do Governo Regional dos Açores, Artur Lima, assegurou ontem que o programa “Novos Idosos”, que já beneficiou 519 idosos, será para manter.

“Se o Governo for o Governo desta coligação, o programa ‘Novos Idosos’ vai continuar. Disso não tenho nenhuma dúvida. E mais, tenho alguma informação de que a União Europeia estará disposta a continuar a apoiar este programa fora do âmbito do PRR e noutro programa”, afirmou ao Açoriano Oriental o governante que ontem presidiu à sessão de apresentação dos resultados do programa “Novos Idosos” em Angra do Heroísmo.

E acrescentou: “Atualmente, o programa custa cerca de 7,5 milhões de euros por ano. E mesmo que não haja fundos europeus, é uma obrigação social do Governo continuar com este programa. Não vejo que haja nenhum Governo que tenha a coragem de dizer que não financia este programa com verbas do Orçamento Regional.”

Para Artur Lima, os resultados deste programa, iniciado quando tutelava a área da solidariedade Social, refletem a pertinência da sua implementação.

“Hoje é talvez o dia mais feliz desde que estou no Governo, ao conhecer os resultados de uma auditoria feita por entidades externas, que avaliaram o programa de forma absolutamente extraordinária”, afirmou, acrescentando: “O projeto, que começou em 2022, abrangeu, desde o início, 519 idosos. Atualmente, beneficiam do programa 400 idosos.”
O governante acrescentou ainda que se trata de resultados “absolutamente impensáveis”, pela qualidade de vida que o programa proporciona às pessoas, algo que elas próprias testemunham.

“Eu acho que é, permitam-me a imodéstia, o programa mais estruturante que conheço, com impacto social visível, e que se quer duradouro, porque transforma realmente uma sociedade”, afirmou.

Refira-se que, de acordo com um estudo feito pela empresa Aplixar, do Porto, apresentado ontem pela coordenadora da Estrutura de Missão para a Promoção de Respostas Sociais para Idosos, Ana Mendes, 68,1% dos beneficiários afirmam estar “extremamente satisfeitos com o programa” e 31,9% “bastante satisfeitos”.

Sem este programa, 41,2% dos idosos afirmam que“seria bastante, muito ou extremamente provável estareminstitucionalizados”.

O estudo, que abrangeu 238 idosos de cinco concelhos, fez uma comparação entre as condições que os utentes apresentavam no início do programa e após a sua implementação.

“Na avaliação inicial, 18% eram totalmente dependentes. Depois da integração no programa, 39,4% ficaram mais autónomos”, revelou Ana Mendes, citada pela Agência Lusa
A avaliação indicou ainda que 30,5% dos idosos reduziram o risco de queda, 57,7%aumentaram a qualidade de vida e 60,3% melhoraram as funções cognitivas.

Ao Açoriano Oriental  Artur Lima realçou ainda que  o programa “Novos Idosos” tem recebido reconhecimento das mais diversas áreas, desde a OCDE aos próprios utentes.
“Quando a OCDE faz esta avaliação muito positiva deste programa, dando-o como bom exemplo, julgo que as instâncias europeias estão atentas a isso”, realçou, referindo-se a um relatório “Preparing for Demographic Change in the Azores, Portugal”, que analisa o envelhecimento da população e as políticas de resposta.

Neste contexto, destacou que a OCDE defende que se reflita sobre a transição demográfica, sublinhando que esta tem como consequências o envelhecimento da população, a pressão sobre os sistemas de segurança social e de saúde, as mudanças no mercado de trabalho e a necessidade de adaptações políticas e económicas para lidar com a nova dinâmica populacional.

E, neste sentido, programas como o “Novos Idosos” vêm responder a necessidades identificadas, como permitir que as pessoas envelheçam nas suas casas com um cuidador, aumentando a acessibilidade aos cuidados de saúde e reduzindo as idas ao hospital.

“Estes esforços têm o potencial, a longo prazo, de reduzir os custos com a saúde, ao mesmo tempo que aumentam a qualidade dos cuidados prestados, em particular em populações de baixo rendimento, que tendem a ser desproporcionalmente afetadas por doenças crónicas”, destacou o governante.

Mas, para Artur Lima, é também importante realçar os feedbacks que tem vindo a receber ao longo dos últimos anos por parte dos utentes e dos seus cuidadores, sublinhando que, ontem, na plateia, estavam duas senhoras que são beneficiárias do programa.

“A Eduarda, que é cuidadora, disse-me: ‘Não sei se terei palavras para expressar a gratidão imensa que sinto hoje pela oportunidade de ser cuidadora domiciliária da minha mãe, que já conta com 93 primaveras’”, revelou.

Acrescentou ainda: “‘Agora temos um plano individual, feito de acordo com as necessidades da minha avó, que cumprimos diariamente e que nos ajuda a estabelecer prioridades’, disse outra pessoa. E ‘É uma honra participar neste programa. Posso contar sempre com a companhia da minha filha’, afirmou a Angelina".

Apesar da sua satisfação, Artur Lima considera que o programa nem sempre tem sido devidamente valorizado, deixando críticas ao Governo da República, que publicou recentemente a portaria que procede à criação e implementação dos projetos-piloto de serviço de apoio domiciliário designado por SAD+Saúde.

“É praticamente uma cópia do programa Novos Idosos. E, portanto, se a República também o financia com o Orçamento da Segurança Social, a nível nacional, também o deverá financiar para os Açores”, denunciou.

Programa combate a solidão

Para  vice-presidente do Governo Regional dos Açores, Artur Lima, um dos aspetos mais relevantes prende-se com o combate à solidão.

“É um programa que, numa altura em que tanto se fala sobre a solidão e se organizam encontros sobre o tema, combate efetivamente a solidão dos idosos. 90% afirmam que se sentem menos sozinhos. A conclusão é que aumentou o seu nível de felicidade”, realça. 

Ainda sobre o estudo apresentado ontem, o vice-presidente do Governo realçou que este mostra que 94,1% dos idosos destacaram a importância de receber assistência na toma de medicamentos. Já 92,4% referiram que, com as atividades desenvolvidas pelos cuidadores domiciliários, melhoraram a sua motricidade, e 95,8% destacaram o apoio na confeção e na toma das refeições.

Por outro lado, enfatizou que a implementação deste programa veio também reduzir a pressão nos lares de terceira idade, libertando vagas para idosos acamados, enquanto outros permanecem nas suas casas. 

Já na vertente económicaArtur Lima destacou que o programa “Novos Idosos” gera cerca de 400 postos de trabalho diretos, um por cada idoso apoiado, com cuidadores areceberem “até 940 euros por mês”.

Além disso, existem equipas técnicas especializadas (nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, psicomotricistas, assistentes sociais, etc.), num total de 40 técnicos em dedicação exclusiva, 12 técnicos das instituições e 14 equipas locais.

Ainda acerca deste programa, Artur Lima recordou que se trata de um projeto que já tinha idealizado antes de integrar o Governo e que foi com grande empenho que a sua equipa do XIII Governo o iniciou. Nesse sentido explicou que o programa foi concebido e operacionalizado inicialmente no seu próprio gabinete, com o apoio direto da sua chefe de gabinete, quatro adjuntos e uma pequena estrutura de missão composta por três pessoas, quando tutelava a área da Solidariedade Social.

Realçou também o esforço que continua a ser colocado no mesmo pela equipa atual, sob a tutela da Secretaria Regional da Saúde e Segurança Social, liderada por Mónica Seidi.

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