Autor: Arthur Melo
A valorização da carreira do pessoal docente, o papel do professor na sociedade e a criação de mais e melhores incentivos para a fixação de professores continuam a estar na ordem do dia e foram ontem recordados pelo Sindicato Democrático dos Professores dos Açores (SDPA).
Os alertas foram deixados no decorrer da iniciativa “Em Duas Palavras”, uma campanha que consiste na colocação de faixas em centenas de escolas por todo o país, e que pretende chamar a atenção da opinião pública para os principais problemas que continuam a afetar o sistema educativo, os educadores e professores, bem como assinalar o Dia Mundial do Professor, que se celebra amanhã, dia 5 de outubro.
“Falarmos de alguns dos problemas que todos os anos continuamos a ter na educação, nomeadamente valorização da profissão docente, essencial para aquilo que é a atração de professores para as nossas escolas. Salários dignos, menos burocracia, intolerância à indisciplina, entre outros, são aspetos desta nossa iniciativa que visa exatamente dar um alerta para a importância que os professores têm e para aquilo que são as deficiências que neste momento o sistema educativo tem”, afirmou António Fidalgo, presidente da direção do SDPA aos jornalistas, no decorrer da ação desenvolvida na Escola Secundária Domingos Rebelo, em Ponta Delgada.
“Professores Valorizados / Futuro Garantido” é o mote dos cartazes que foram afixados nas escolas da Região - e do país - pelo SDPA, numa iniciativa desenvolvida em conjunto com a Federação Nacional de Educação.
Embora os mesmos problemas persistam ano após ano, o dirigente sindical enfatizou a necessidade de continuar a valorizar a carreira do professor, uma profissão que tem vindo o número de profissionais a cair nos últimos tempos.
“É essencial. Passamos muitos anos a desvalorizar a profissão docente, as consequências desta desvalorização notam-se agora, com a falta de professores em todo o país, e não só em Portugal, mas também nos outros países europeus, e necessariamente temos de tomar medidas urgentes para colmatar a falta de professores que temos. Só valorizando os professores é que conseguimos ter uma melhor educação”, vincou António Fidalgo.
Na Região, o problema é recorrente a cada ano letivo e António Fidalgo diz que o maior exemplo de falta de professores é o facto da Secretaria Regional da Educação, Cultura e Desporto recorrer à Bolsa de Emprego Pública dos Açores (BEPA) no mês de agosto.
“Já estamos a recorrer à BEPA em agosto, isto é, logo a seguir à primeira contratação temos um conjunto significativo de horários que não são procurados por ninguém, porque os professores não têm o incentivo para procurar as escolas de outras ilhas”, reiterou o dirigente do SDPA.
António Fidalgo reconhece os incentivos existentes já estão a ser aplicados, mas continuam a ser “insuficientes para resolver este problema”, sublinhando que na altura em que a discussão da anteproposta de Plano e Orçamento dos Açores para o próximo ano vai acontecer, a discussão desta matéria terá de ser realizada.
“Neste momento vamos começar a discutir o orçamento da região para o próximo ano, era essencial que se dotasse no orçamento uma verba mais significativa para conseguirmos atrair professores para as ilhas mais pequenas e para as escolas onde existem faltas” de professores.