Autor: Lusa
Em declarações à agência Lusa, Vicente Berthier, considera que “a desinformação é cada vez mais utilizada como técnica no âmbito de tensões geopolíticas”, salientando “a importância crescente da opinião pública e das redes sociais na difusão de ideias e na formação de opiniões”.
A desinformação “é uma questão global e um dos principais riscos de curto prazo para as sociedades”, numa altura em que a Inteligência Artificial (IA) generativa “está gradualmente a encontrar o seu lugar entre as ferramentas de desinformação”.
O representante da ONG defende que “a desinformação não só persiste, como também está a aumentar, em grande parte devido à forma como os conteúdos são distribuídos nas principais plataformas, como as redes sociais e os 'sites’ de partilha de vídeos”.
“Nenhum dos atores mencionados [Facebook, X, YouTube e TikTok] criou sistemas para destacar ou promover conteúdo jornalístico confiável diretamente nos ‘rankings’ algorítmicos”, afirmou Vicente Berthier.
Para o responsável dos RSF, “a produção de conteúdo de qualidade leva sempre mais tempo do que a criação de desinformação, o que significa que existe uma vantagem económica na divulgação de conteúdos falsos e enganadores”.
Além disso, a dinâmica da comunidade das redes sociais, em conjunto com algoritmos hiperpersonalizados e anúncios direcionados, tornam ainda mais fácil a propagação de desinformação.
“Nos últimos anos, a situação agravou-se com uma mudança notória na forma como algumas grandes plataformas tratam os meios de comunicação social. O Facebook moveu-se abertamente numa direção antijornalística, numa mudança tornada clara em janeiro de 2025 (…) Elon Musk, dono do X, também não esconde a sua hostilidade contra os media tradicionais e os jornalistas”, explica Berthier.
Em abril deste ano, o conselho de supervisão da Meta solicitou à direção da empresa que avaliasse os possíveis impactos do fim do programa de verificação de factos nos Estados Unidos e da flexibilização da moderação nas plataformas.
Na altura, o organismo considerou que a decisão da Meta de abandonar parceiras com as organizações de verificação independentes tinha sido tomada “apressadamente, rompendo com o procedimento normal”.
Neste sentido, os RSF defendem a necessidade das plataformas aumentarem a visibilidade de fontes de informação fiáveis, devendo ser obrigadas a permitir a distribuição de conteúdos jornalísticos.