Autor: Lusa/AO Online
“Era uma antiga ambição, não só angrense, mas da ilha Terceira e dos Açores, porque faz parte de um núcleo histórico de património edificado, que enobrece a cidade património mundial que é Angra do Heroísmo”, adiantou, em declarações aos jornalistas, o presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, à margem da cerimónia de inauguração do edifício.
Localizado atrás da Sé Catedral, em pleno centro histórico da cidade de Angra do Heroísmo, a primeira reconhecida como Património Mundial da UNESCO em Portugal, o Palácio Bettencourt foi construído no final do século XVII, início do século XVIII, apresentando uma arquitetura barroca.
Durante décadas acolheu a Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo e estava fechado desde 2016, quando foi inaugurada a nova biblioteca.
“Este edifício, que desde 2016 estava abandonado, começou-se a degradar. A cobertura começou a colapsar, entrou água e lamentavelmente provocou algumas patologias que durante algum tempo vão ser visíveis”, adiantou o diretor regional das Obras Públicas, Pedro Azevedo, na apresentação do projeto.
A obra, iniciadas em maio de 2024, “pode chegar aos dois milhões de euros, com a atualização de revisão de preços”.
Segundo Pedro Azevedo, o processo foi “complexo”, porque houve um cuidado de “preservar o máximo possível”, tendo em conta a história e riqueza cultural do edifício.
A antiga biblioteca vai acolher os serviços da Secretaria Regional da Educação, Cultura e Desporto, que se encontram atualmente, na rua ao lado, no Palácio da Junta dos Paços Gerais, que “está completamente degradado e até já nem oferece condições de segurança”.
O presidente do Governo Regional salientou que o Palácio Bettencourt “estava em risco de ruína por abandono” e que a obra foi feita “com muitas dificuldades” de contratação pública.
José Manuel Bolieiro reiterou ainda um apelo aos decisores europeus, para que possam abranger as obras de reabilitação de património edificado nos investimentos comparticipados por fundos comunitários.
“Quero que possamos ter um envelope financeiro que possa corresponder à nossa ambição e à nossa expectativa de prosseguir esse desiderato relativamente à reabilitação e regeneração sustentável urbana numa cidade património mundial como é Angra do Heroísmo”, frisou.
O chefe do executivo açoriano considerou que os fundos comunitários devem ser alargados a obras de reabilitação, em vários domínios, “incluindo as acessibilidades rodoviárias e a recuperação de infraestruturas decisivas de acessibilidade, como sejam as soluções portuários ou até aeroportuárias”.
Ainda assim, defendeu que a prioridade máxima deve ser dada ao património cultural.
Já o Palácio da Junta dos Paços Gerais, que José Manuel Bolieiro reconheceu que era um “espaço indigno” para os trabalhadores da Secretaria Regional da Educação, Cultura e Desporto, será reabilitado “a médio prazo”.
“Queremos recuperar o outro edifício, também ele um património significativo, que é muito mais difícil até, tendo em conta também o grave risco que é destruidor, que é o problema da infeção das térmitas”, adiantou.
Uma vez recuperado o edifício, os serviços da tutela regressarão à atual sede, mas ainda não está definido o futuro do Palácio Bettencourt.
“Depois queremos dar vida apropriada aqui. Vamos ver, fazer uma consulta para perceber que futuro se pode dar, em funcionalidade, a este palácio, uma vez recuperado o outro. Cada coisa a seu tempo”, disse o chefe do executivo açoriano.