Açoriano Oriental
Observatório Climático do Atlântico será instalado na ilha Terceira até 2027

O Observatório Climático do Atlântico será instalado na ilha Terceira até ao final de 2027, na sequência da reabilitação do atual Observatório José Agostinho, num investimento conjunto de dois milhões de euros entre o IPMA e o Governo Regional

Observatório Climático do Atlântico será instalado na ilha Terceira até 2027

Autor: Maria Andrade

De acordo com a informação transmitida pelo presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, foi adjudicado ao gabinete de arquitetura MMC, sediado na Ilha Terceira, o projeto de execução para a reabilitação do Observatório José Agostinho, que irá acolher o futuro Observatório Climático do Atlântico.

O anúncio foi feito na intervenção do presidente do Governo Regional, proferida ontem, na Praia da Vitória, na sessão de abertura da conferência “Tempo, Clima e a Economia”.
O projeto será entregue em novembro deste ano e, de imediato, será lançado pelo IPMA o concurso público para as obras de reabilitação, a decorrer ao longo de 2026. O novo observatório deverá entrar em funcionamento no final de 2027.

O investimento total ronda os 2 milhões de euros, “repartidos em 1 milhão de euros de investimento do IPMA, nas infraestruturas, e 1 milhão de euros do GRA, em aquisição e instalação de equipamentos”, afirmou Bolieiro.

Segundo José Manuel Bolieiro, os Açores têm trabalhado para se afirmarem como território com centralidade atlântica reconhecida a nível nacional e europeu, valorizando o seu papel geoestratégico, geopolítico, mas também científico.

Neste contexto, Bolieiro anunciou também o projeto de construção do Observatório Europeu do Mar Profundo, que será sediado na Cidade da Horta, no Faial.

A par destas iniciativas, está igualmente prevista a modernização do Observatório da Montanha do Pico, demonstrando o compromisso assumido com a investigação e o desenvolvimento científico no arquipélago.

Na ocasião, o presidente do Governo Regional destacou a urgência da ação climática e o papel que os Açores têm assumido nesse domínio. “A emergência da ação climática e das suas alterações não dispensa o presente, isto é, não nos dispensa da responsabilidade e de ação quanto ao próximo futuro. Vivemos um tempo marcado por desafios sem precedentes nesta matéria. O planeta encontra-se mergulhado numa emergência climática cujos impactos se propagam por todos os continentes, atravessando fronteiras e afetando os mais diversos setores de atividade e da própria vida tal como a conhecemos”, disse.

Sublinhou ainda que os Açores são mais vítimas das alterações climáticas do que agentes da sua origem, “pois o seu fazer nada tem haver com a excessiva carbonização da economia. Outros são responsáveis por estes excessos”, afirmou.

Destacou ainda que a ação social, cultural e política na Região tem sido marcada pela sustentabilidade e por políticas públicas ambientalmente responsáveis. Bolieiro afirma que “as alterações climáticas destacam-se como um dos maiores desafios enfrentados pelos açorianos e pela humanidade em geral. Nos Açores somos um bom exemplo para o mundo”.

Como exemplo disso mencionou a criação de uma rede de áreas marinhas protegidas que cobre 30% da área marítima dos Açores, o que por sua vez representa 56% da área marítima nacional, sendo esta a quinta maior entre os Estados-membros da União Europeia. A concretização desta meta antecipou largamente o prazo definido pelas Nações Unidas, que é 2030, demonstrando, de acordo com o presidente, a liderança da Região nesta matéria e o seu alinhamento com os objetivos de desenvolvimento Sustentável da ONU e da União Europeia.

O presidente do Governo salientou ainda que o Pacto Ecológico Europeu deve oferecer um quadro legal e financeiro que possibilite a transição ecológica de forma eficaz, justa e inclusiva.

Na sua intervenção relembrou o impacto do Furacão Lorenzo, que causou prejuízos superiores a 330 milhões de euros nos Açores e impôs dificuldades orçamentais e financeiras.
Para dar resposta a esses desafios, o Governo tem em curso o Programa Regional para as Alterações Climáticas (PRAC), que prevê 145 medidas, das quais 115 são de adaptação e 30 de mitigação, abrangendo setores fundamentais como transportes, agricultura, turismo, pescas, recursos hídricos, resíduos, saúde e ecossistemas.

“Cientes dos desafios e dos avanços normativos e científicos, a Secretaria Regional do Ambiente e Ação Climática lançou recentemente um concurso para a revisão do PRAC, prevendo um investimento de 400 mil euros para garantir a sua atualização, o alinhamento com os instrumentos normativos europeus e a consolidação de uma abordagem integrada para a mitigação e adaptação”, explicou.

Adicionalmente, o projeto LIFE IP CLIMAZ, iniciado em 2021, representa um investimento de 20 milhões de euros ao longo de 10 anos, com ações concretas e coordenadas em todas as nove ilhas do arquipélago.

Outro avanço significativo foi a conclusão da rede de radares meteorológicos dos Açores, permitindo a emissão de avisos tempestivos e reforçando a capacidade de prevenção e resposta a fenómenos meteorológicos extremos.

Com estes investimentos e medidas, os Açores reforçam a sua liderança enquanto território-modelo na resposta às alterações climáticas, comprometido com a ciência, a sustentabilidade e o futuro. 

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