Autor: Maria Andrade
De acordo com a informação transmitida pelo presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, foi adjudicado ao gabinete de arquitetura MMC, sediado na Ilha Terceira, o projeto de execução para a reabilitação do Observatório José Agostinho, que irá acolher o futuro Observatório Climático do Atlântico.
O anúncio foi feito na
intervenção do presidente do Governo Regional, proferida ontem, na Praia
da Vitória, na sessão de abertura da conferência “Tempo, Clima e a
Economia”.
O projeto será entregue em novembro deste ano e, de
imediato, será lançado pelo IPMA o concurso público para as obras de
reabilitação, a decorrer ao longo de 2026. O novo observatório deverá
entrar em funcionamento no final de 2027.
O investimento total ronda os 2 milhões de euros, “repartidos em 1 milhão de euros de investimento do IPMA, nas infraestruturas, e 1 milhão de euros do GRA, em aquisição e instalação de equipamentos”, afirmou Bolieiro.
Segundo José Manuel Bolieiro, os Açores têm trabalhado para se afirmarem como território com centralidade atlântica reconhecida a nível nacional e europeu, valorizando o seu papel geoestratégico, geopolítico, mas também científico.
Neste contexto, Bolieiro anunciou também o projeto de construção do Observatório Europeu do Mar Profundo, que será sediado na Cidade da Horta, no Faial.
A par destas iniciativas, está igualmente prevista a modernização do Observatório da Montanha do Pico, demonstrando o compromisso assumido com a investigação e o desenvolvimento científico no arquipélago.
Na ocasião, o presidente do Governo Regional destacou a urgência da ação climática e o papel que os Açores têm assumido nesse domínio. “A emergência da ação climática e das suas alterações não dispensa o presente, isto é, não nos dispensa da responsabilidade e de ação quanto ao próximo futuro. Vivemos um tempo marcado por desafios sem precedentes nesta matéria. O planeta encontra-se mergulhado numa emergência climática cujos impactos se propagam por todos os continentes, atravessando fronteiras e afetando os mais diversos setores de atividade e da própria vida tal como a conhecemos”, disse.
Sublinhou ainda que os Açores são mais vítimas das alterações climáticas do que agentes da sua origem, “pois o seu fazer nada tem haver com a excessiva carbonização da economia. Outros são responsáveis por estes excessos”, afirmou.
Destacou ainda que a ação social, cultural e política na Região tem sido marcada pela sustentabilidade e por políticas públicas ambientalmente responsáveis. Bolieiro afirma que “as alterações climáticas destacam-se como um dos maiores desafios enfrentados pelos açorianos e pela humanidade em geral. Nos Açores somos um bom exemplo para o mundo”.
Como exemplo disso mencionou a criação de uma rede de áreas marinhas protegidas que cobre 30% da área marítima dos Açores, o que por sua vez representa 56% da área marítima nacional, sendo esta a quinta maior entre os Estados-membros da União Europeia. A concretização desta meta antecipou largamente o prazo definido pelas Nações Unidas, que é 2030, demonstrando, de acordo com o presidente, a liderança da Região nesta matéria e o seu alinhamento com os objetivos de desenvolvimento Sustentável da ONU e da União Europeia.
O presidente do Governo salientou ainda que o Pacto Ecológico Europeu deve oferecer um quadro legal e financeiro que possibilite a transição ecológica de forma eficaz, justa e inclusiva.
Na sua intervenção relembrou o impacto do
Furacão Lorenzo, que causou prejuízos superiores a 330 milhões de euros
nos Açores e impôs dificuldades orçamentais e financeiras.
Para dar
resposta a esses desafios, o Governo tem em curso o Programa Regional
para as Alterações Climáticas (PRAC), que prevê 145 medidas, das quais
115 são de adaptação e 30 de mitigação, abrangendo setores fundamentais
como transportes, agricultura, turismo, pescas, recursos hídricos,
resíduos, saúde e ecossistemas.
“Cientes dos desafios e dos avanços normativos e científicos, a Secretaria Regional do Ambiente e Ação Climática lançou recentemente um concurso para a revisão do PRAC, prevendo um investimento de 400 mil euros para garantir a sua atualização, o alinhamento com os instrumentos normativos europeus e a consolidação de uma abordagem integrada para a mitigação e adaptação”, explicou.
Adicionalmente, o projeto LIFE IP CLIMAZ, iniciado em 2021, representa um investimento de 20 milhões de euros ao longo de 10 anos, com ações concretas e coordenadas em todas as nove ilhas do arquipélago.
Outro avanço significativo foi a conclusão da rede de radares meteorológicos dos Açores, permitindo a emissão de avisos tempestivos e reforçando a capacidade de prevenção e resposta a fenómenos meteorológicos extremos.
Com
estes investimentos e medidas, os Açores reforçam a sua liderança
enquanto território-modelo na resposta às alterações climáticas,
comprometido com a ciência, a sustentabilidade e o futuro.