Açoriano Oriental
Código Mundial Antidopagem aplicado em Portugal
Portugal vai ser o primeiro país a aplicar o novo Código Mundial Antidopagem e dos primeiros a integrar o restrito grupo de nações a criminalizar o tráfico e a posse de substâncias dopantes.
Código Mundial Antidopagem aplicado em Portugal

Autor: Rosa Cotter Paiva e Jorge Figueira, da Agência Lusa / AO online
Em entrevista em Agência Lusa, o director do Laboratório de Análises de Dopagem (LAD), Luís Horta, disse que Portugal será o primeiro país a aplicar o novo código, resultante do Congresso Mundial sobre o doping no desporto, que decorreu em Novembro, em Madrid.
Portugal, como ainda não tinha adoptado o Código de 2003, vai agora implementar os dois de uma só vez, explicou Luís Horta.
No entanto, não será o primeiro país a condenar o tráfico e posse de substâncias dopantes com penas de prisão, uma vez que os países nórdicos e a Austrália já o fazem.
A nova legislação sobre doping, que está a ser estudada no Conselho Nacional do Desporto, tem como grande novidade a criminalização do tráfico e posse de substâncias dopantes.
Apesar de a legislação portuguesa consagrar o princípio da co-responsabilidade, a nova lei irá prever um aprofundamento das punições aplicáveis a todos os infractores.
“A nova lei irá alargar as punições a outros agentes desportivos [para além dos atletas]. Não podem ser só punidos os atletas, também terão de ser os treinadores, médicos e dirigentes desportivos”, assinalou.
Luís Horta avançou que o novo Código Mundial Antidopagem vai permitir que as amostras conservadas possam ser reanalisadas durante um período de oito anos, num processo que ficará a cargo da Agência Mundial Antidopagem (AMA).
“As amostras dos Jogos Olímpicos Atenas2004 estão armazenadas, por solicitação do Comité Internacional (COI). Isto significa que, se for descoberto um novo método de detecção para uma qualquer substância, estas poderão ser reanalisadas, e voltar atrás. Se houver um caso positivo será igual a um qualquer caso positivo”, esclareceu.
Alguns países consideram Portugal um “santuário do doping” - por, alegadamente, a aquisição de esteróides ser mais fácil -, mas Luís Horta é peremptório a negar a ideia, sublinhando que o Conselho Nacional Antidopagem (CNAD) é uma das estruturas de luta contra o doping mais antigas do Mundo.
Por isso, atribui as acusações a um “perfeito desconhecimento” da realidade: “Em termos Europeus, Portugal não tem nada a aprender, eles é que têm a aprender connosco. O CNAD começou em 1977, há mais de 30 anos, ou seja, somos das agências mais antigas da Europa e do Mundo. Não há justificação para o que tentam dizer”, considerou.
O responsável do LAD vai mais longe, ao afirmar que Portugal não é, de todo, um dos países onde se venda ou por onde passe o circuito do tráfico das substâncias dopantes.
“A Interpol conhece o que se passa a nível do tráfico. O nosso país nunca foi indicado [como local] onde se venda ou por ser onde passam redes de tráfico de substâncias. Estas chegavam ao nosso país através de vendas em Espanha”, explicou.
Luís Horta apontou mesmo o exemplo da Operação Mamute, levada a cabo no ano passado em Espanha, que demonstrou a existência de laboratórios que só fabricavam este tipo de substâncias.
Como recordou, o tráfico de substâncias dopantes chega a Portugal, e a todo Mundo, cada vez mais através da Internet, pelo que hoje em dia se pode falar em “tráfico globalizado”.
O director do LAD explicou ainda que há muita desinformação, e histórias ridículas, em relação aos produtos que podem provocar um controlo positivo num atleta de alta competição.
O responsável dá como exemplo o recente caso do italiano Marco Borriello, então futebolista do AC Milan, que justificou um controlo positivo com a utilização de um creme vaginal por parte da mulher, levando as instâncias disciplinares a colocarem a hipótese de essa ter sido a causa.
Luís Horta refere que pode haver alguma verdade naquilo que se diz, mas garante que, na maior parte das vezes, “esses casos não têm o menor senso científico”.
Segundo afirma, “não há champôs que possam positivar”, embora possam existir carnes contaminadas, que, apesar de tudo, são controladas nos matadouros e não representam qualquer perigo.
De acordo com Luís Horta, pode haver carne contaminada com clembuterol (esteróide anabolisante usado para a engorda de animais), mas é falsa a justificação dos atletas que a culpam na sequência de um controlo positivo, porque os níveis são quase impossíveis de detectar.
“Após a ingestão de 300 gramas de carne, os níveis urinários, ou metabolitos, que aparecem são picogramas (mil vezes menos que o nanograma), quase impossíveis de medir ou pesar. No entanto, os atletas vêm dizer, quando acusam esta substância, que [o controlo positivo] será por causa da carne contaminada”, observou.
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