Açoriano Oriental
Taxa de risco de pobreza na Madeira não corresponde à realidade da economia, diz Governo Regional

O presidente do Governo da Madeira reafirmou hoje que a taxa de 25,9% de risco de pobreza na região autónoma não corresponde à “realidade da economia” e criticou o uso desse valor como “arma de arremesso político” pela oposição.

Taxa de risco de pobreza na Madeira não corresponde à realidade da economia, diz Governo Regional

Autor: Lusa /AO Online

“O PIB [Produto Interno Bruto] da Madeira recuperou para níveis superiores ao de 2019, o ano em que foi mais alto”, disse Miguel Albuquerque, sublinhando que as estimativas referentes a 2022 apontam para um crescimento significativo, após a contração de 14% registada em 2020 devido à pandemia de covid-19.

“Vamos atingir, pensamos nós, o PIB mais alto na [história da] região. Isso é que é a realidade efetiva”, reforçou.

O chefe do executivo madeirense (PSD/CDS-PP) falava à margem de uma visita às obras de construção do Campo de Futebol de Formação do Ribeiro Real, no concelho de Câmara de Lobos, zona oeste da ilha, um projeto orçado em 5,3 milhões de euros, com conclusão prevista para setembro.

Numa reação aos dados divulgados sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que apontam um aumento de 1,7 pontos percentuais do risco de pobreza na região autónoma em 2021, passando para 25,9% do total dos cerca de 250 mil habitantes, Albuquerque afirmou que “a realidade da economia real é diferente do risco de pobreza”.

O presidente do Governo Regional disse que a condição de ilha e de ultraperifericidade da região autónoma, bem como o facto de não ter escala de mercado, são critérios que contribuem para aumentar esta taxa, sublinhando que o mesmo acontece noutras regiões insulares, como em Canárias, onde o risco de pobreza é de 39%, e na Sardenha, onde afeta um terço da população.

“Os critérios de risco não são pobreza efetiva”, considerou, para logo explicar: “Na pobreza efetiva, quando vamos analisar os fatores na Madeira, há ainda um conjunto de população, sobretudo mais idosa, que não descontou para a segurança social, que tem reformas baixas, que ainda são do tempo pré-autonomia.”

Miguel Albuquerque disse que o Governo Regional criou programas para apoiar essa população, como o Complemento Regional para Idosos, um subsídio de 80 euros por mês atribuído a utentes com pensões “muito baixas”, num total de cerca de 4 milhões por ano.

Também disse que os dados do INE sobre risco de pobreza na Madeira não vão motivar qualquer alteração na política social do executivo, vincando, no entanto, que pretende “continuar a investir, a proporcionar a criação de riqueza, a receber o investimento estrangeiro, a diversificar a economia através das [empresas] tecnológicas e a garantir que o turismo corre bem”.

Albuquerque criticou ainda a oposição por utilizar os dados estatísticos sobre a pobreza como “arma de arremesso político”, sobretudo o PS, partido que considera ser “o paradigma da construção da pobreza em Portugal”

Na sexta-feira, o Instituto Nacional de Estatística revelou que, de acordo com o Inquérito às Condições de Vida e Rendimentos, o número de pessoas em risco de pobreza era de 16,4% em 2021, menos dois pontos percentuais (p.p.) do que em 2020, tendo, no entanto, aumentado na região do Algarve (mais 0,5 p.p.) e nas regiões autónomas (mais 3,2 p.p. na Região Autónoma dos Açores e mais 1,7 p.p. na Região Autónoma da Madeira).

"Enquanto a taxa de risco de pobreza na Área Metropolitana de Lisboa era substancialmente inferior ao valor nacional - 10,4%, ou seja, menos 6,0 p.p. do que a taxa de risco de pobreza nacional -, o Algarve e as regiões autónomas dos Açores e da Madeira registavam taxas de risco de pobreza de 22,1%, 25,1% e 25,9%, respetivamente, bastante superiores ao valor nacional", segundo os dados.



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