Autor: Lusa/AO Online
“O documento que me foi apresentado pareceu-me credível, mas a verdade é que todos os planos de negócios que acompanhei e analisei ao longo dos últimos anos falharam estrondosamente nas projeções que realizaram. Alguns dos pressupostos mais relevantes que integram o documento partem do princípio de que existirá, a curto e médio prazo, uma evolução positiva do quadro sanitário e económico”, declarou Paulo Estêvão, questionado pela Lusa.
Os partidos com assento parlamentar estiveram na quinta-feira, em Ponta Delgada, juntamente com o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, na apresentação por parte do Conselho de Administração da SATA do plano de reestruturação para o período 2021-2025.
O dirigente do PPM - partido que integra com o PSD e o CDS-PP a coligação de governo dos Açores - salvaguardou que o “quadro internacional, assim como a evolução político-económica do país, nomeadamente no âmbito da evolução positiva do turismo, está dependente de muitos imponderáveis”.
“Considero, por tudo isto, que é mais avisado esperar pelos resultados. Existem tendências e boas perceções. Não existem garantias absolutas”, frisou.
Questionado sobre se com este documento de trabalho, estão garantidas condições para que as negociações com a Comissão Europeia conheçam o caminho do sucesso, Paulo Estêvão disse que o atual Conselho de Administração da SATA “integra gestores experientes no âmbito da aviação civil”, daí que acredite que “produziram a melhor proposta possível, tendo em conta as circunstâncias muito difíceis com que foram confrontados”.
“Os governos socialistas deixaram a SATA à beira do colapso. A negociação prossegue. Vamos aguardar a evolução do processo de negociação com a União Europeia e avaliar no final. A sobrevivência da SATA e o seu controlo pela região não é negociável. A empresa tem uma importância fulcral para os Açores”, concluiu o líder do PPM/Açores.
O plano de reestruturação da transportadora açoriana SATA prevê o regresso aos lucros em 2023, com o presidente da administração da empresa a mostrar confiança em que, a partir desse ano, a operação seja "sustentável".
"Se conseguirmos concretizar tudo como temos planeado, por um lado, e se não houver um agravamento das condições pandémicas ou outras coisas quaisquer que possam vir a surgir, as iniciativas confluem para que 2023 seja, de facto, um ano de inversão e a operação se torne sustentável a partir daí", declarou na quinta-feira o presidente da transportadora, Luís Rodrigues.
No plano, é estimada para este ano uma perda de 28 milhões de euros, em 2022 o resultado deverá andar perto do zero e, em 2023, já são admitidos lucros na casa dos 23 milhões de euros.
O plano de reestruturação prevê, até 2025, poupanças totais de 68 milhões de euros.
Luís Rodrigues adiantou os "quatro pilares" que levarão às referidas poupanças: a reestruturação da frota, a eficiência operacional, a negociação com fornecedores e a agilização do trabalho.
Na agilização do trabalho, a administração incorporou campos como a redução salarial, que será, no seguimento de negociações com sindicatos, de 10%, ou a "rescisão negociada de trabalhadores".
O corte de 10% será aplicado aos vencimentos acima dos 1.200 euros brutos mensais.
Já no que se refere à saída dos trabalhadores, o gestor declarou que saíram já, em regime de reformas antecipadas ou pré-reformas, um total de 48 quadros, sendo esperadas mais 100 saídas até 2023.