Autor: Lusa/AO Online
“Temos um problema. Gastamos mais do que aquilo que temos e não conseguimos executar aquilo que temos para receber. Aquilo que podemos fazer é ajudar e dar a mão como já fizemos, mas o Governo Regional [PSD/CDS-PP/PPM] prefere olhar para o lado e negar a realidade, como tem acontecido”, afirmou Francisco César.
O líder regional do PS falava aos jornalistas, após reunir com a direção da Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.
Francisco César apontou, na ocasião, para o "agravamento" da dívida financeira da região nos últimos cinco anos".
"A dívida financeira da Região voltou a crescer, apesar de o Governo Regional ter recebido autorização para contrair empréstimos no valor de 75 milhões de euros destinados, precisamente, a pagar a fornecedores. Mesmo assim, a dívida a fornecedores aumentou mais 57 milhões de euros. Isto é um sinal claro de descontrolo”, apontou.
Francisco César voltou a alertar para o baixo ritmo de execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que "em 2024 se situou nos 19%".
O líder do PS/Açores criticou também a taxa de execução dos fundos comunitários, que “é muito baixa”, indicando que “dos mais de 84 milhões de euros executados até agora, apenas dois milhões chegaram efetivamente às empresas".
"Até maio deste ano, a Região arrecadou apenas 20 milhões de euros, quando o esperado seria, no mínimo, 80. É uma queda grave, que confirma as nossas preocupações”, acrescentou.
Francisco César denunciou também "o colapso" do modelo de transporte marítimo de mercadorias e "a degradação" do sistema de transportes aéreos.
“A SATA, após mais de 400 milhões de euros em injeções públicas e cinco anos de reestruturação, continua a acumular prejuízos e poderá vir a custar mil milhões de euros aos contribuintes açorianos. A operação está em rutura, e os açorianos sentem isso no dia a dia, com voos constantemente atrasados, cancelados ou lotados", sustentou.
Segundo Francisco César, o "Governo não paga, não executa e, ainda assim, recusa enfrentar a realidade" e "insiste em culpar o passado, quando já governa há cinco anos e falha em apresentar resultados" com implicações na vida dos "cidadãos e empresas".
"Às vezes, parece que há uma acalmia antes da tempestade. Nós já começamos a ter ventos muito fortes que demonstram que temos um problema grave nos Açores", reforçou.
O líder do PS/Açores reafirmou a disponibilidade do partido para contribuir com soluções e propostas concretas.
“Temos colocado questões na Assembleia da República e vamos continuar a exigir transparência, como o pedido de informação sobre a execução do PRR ou a avaliação do cumprimento das obrigações no transporte marítimo. O PS não se limita a criticar, queremos ajudar a resolver, mas é o Governo que tem recusado ouvir e agir", disse.
Ainda segundo Francisco César, outra das preocupações deixadas pelos empresários foi "a falta de mão-de-obra" e "burocracia em excesso".