Autor: Luis Pedro Silva
Apesar do Subuxone ser composto por buprenorfina, como o Subutex, foi-lhe adicionado o antagonista opiáceo naloxona, que provoca uma situação de “ressaca” caso não seja utilizado por via sublingual. A Secretaria Regional dos Assuntos Sociais foi informada por diversas instituições para a existência do tráfico deste medicamento, e pretende aumentar as medidas de controlo para o bom uso do Subuxone. O psiquiatra Luís Patrício, consultor da Secretaria Regional dos Assuntos Sociais para a toxicodependência, explica que os pacientes que fizerem mau uso de buprenorfina, não respeitando as indicações do médico, auto-excluem-se do tratamento. “Para esses doentes, o tratamento de substituição deveria ser mudado para metadona, como toma presencial”, recomenda. Nas situações em que não há capacidade de controlo sobre o medicamento, incluindo ao nível familiar, há médicos que apenas aceitam que ele seja tomado no centro de saúde ou no hospital, administrado por uma enfermeira, e ainda exigindo ao doente que faça regularmente análise de urina para detecção de outras substâncias. Só nesta condição é que “passam a receita obrigatória para aquisição do medicamento”, enfatiza o responsável do Governo Regional para a área da toxicodependência. Luís Patrício apresenta duas propostas para se controlar o tráfico de Subuxone: na primeira, será necessário haver informação na prescrição e utilização do medicamento; já a segunda proposta relaciona-se com a importância da intervenção das entidades competentes, porque “quem trafica um medicamento, autoexclui-se do tratamento”. O modelo implementado para a prescrição deste medicamento é muito controlado pela Secretaria dos Assuntos Sociais. “Na receita fica bem identificado o médico, o doente e quem compra o medicamento”, clarifica Luís Patrício. A Secretaria que tem a tutela da saúde nos Açores aumentou a formação aos médicos que prescrevem o medicamento. Ao longo dos últimos quatro anos, em todas as ilhas, hospitais e centros de saúde da Região, foram efectuadas acções de formação sobre os medicamentos e distribuídos documentos, e até mesmo informação em meio informático, indicou o psiquiatra. “Os médicos que frequentaram acções de formação promovidas pela Secretaria Regional dos Assuntos Sociais, no âmbito do seu Programa de Prevenção do Mau Uso e Abuso de Substâncias Psicoactivas (droga), conhecem as boas práticas de utilização deste medicamento”, garante Patrício. No entanto, caso “ainda existam situações de carência de informação e de formação, haverá que as identificar para que se possa intervir”, acrescenta ainda. O consultor da Secretaria dos Assuntos Sociais refere que os modernos meios de comunicação e partilha da informação não justificam a existência de carência de informação sobre as boas práticas, sustentando a sua argumentação com exemplos práticos de como os profissionais de saúde podem e devem fazer nesta área, isto é, “a partilha de informação por correio electrónico ou por telefone com médicos, enfermeiros e professores".