Autor: Lusa / Ao online
Esta será a estreia a solo de Ricardo Araújo Pereira, um dos quatro membros dos Gato Fedorento, num espectáculo teatral que estará em cena no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa, entre 27 de Junho e 05 de Julho.
A base do espectáculo é uma série de conferências intitulada "Como fazer coisas com palavras", do professor inglês John Austin, proferidas há mais de quarenta anos.
Quando o crítico de cinema e poeta Pedro Mexia, que assina a dramaturgia, o desafiou há cerca de um ano para transpôr estas conferências para teatro, Ricardo Araújo Pereira sabia apenas que as teorias de John Austin giram em torno de uma permissa: falar não é só dizer, é também fazer.
"Basicamente é sobre isto que eu vou falar durante uma hora. E se calhar é melhor refrear as pessoas na corrida à bilheteira, porque sei que pode parecer muito apelativo", ironizou Ricardo Araújo Pereira em entrevista à agência Lusa.
Apesar dos espectáculos estarem quase esgotados, Ricardo Araújo Pereira garantiu que não haverá "stand up comedy", nem tão pouco um prolongamento em palco do trabalho que lhe é conhecido nos Gato Fedorento.
Na sala principal do Teatro São Luiz, o humorista estará num púlpito a dissertar sobre problemas linguísticos e sobre o uso da linguagem, sendo acompanhado em palco por dois actores que exemplificarão aquilo que vai dizendo.
"São observações sobre a linguagem em que acrescentámos alguns exemplos respeitando o tom e as ideias do autor", disse o humorista, que garantiu que não haverá imitações de figuras públicas que habitualmente façam discursos ou façam coisas com palavras.
"Quer dizer, há a hipótese de eu fazer isto tudo com a voz do professor Marcelo [Rebelo de Sousa]. Pode ser que à segunda representação, depois de levar com os tomates da primeira, venha para cá dizer `Boa noite, não sei quê, não sei quê´, avisou Ricardo Araújo Pereira imitando o tom de voz daquele comentador político.
Como humorista, quer acreditar que as palavras não são só palavras e que, de facto, se pode jogar com os seus diferentes sentidos e o trabalho de campo feito nos Gato Fedorento, de apropriação da realidade portuguesa, demonstra isso mesmo.
"O Pedro Mexia disse-me que se tinha lembrado de mim não só pela minha beleza física, mas também porque achava que o nosso trabalho [dos Gato Fedorento] era sobre a linguagem", disse o autor da rábula "falam, falam e eu não os vejo a fazer nada".
À pergunta se os portugueses fazem bom uso da palavra, Ricardo Araújo Pereira responde: "os empregados de mesa, a meu ver, fazem um trabalho nessa matéria muito importante, nomeadamente através de perguntas clássicas como `quer um copo de água ou um copo com água?´, `queria? já não quer?´".
A direcção de actores é de Dinarte Branco, a cenografia e figurinos do designer gráfico António Jorge Gonçalves e a música, feita a partir de gravações da voz de Ricardo Araújo Pereira, é de Armando Teixeira (Balla).
Ricardo Araújo Pereira, que não se leva a sério como actor, disse que "esta experiência tem sido muito rica" para perceber que "é uma coisa, de facto, a não repetir".
Ainda assim, por ser a primeira vez em todo o mundo que os textos de John Austin são adaptados para teatro, Ricardo Araújo Pereira admite, entre risos, que "vai ser uma coisa muito gira para exportar".
"Tenho a Broadway muito, muito insistentemente a esgatanhar-se...", troçou.
Depois de fazer coisas com palavras, Ricardo Araújo Pereira retomará o trabalho com os Gato Fedorento para uma nova série televisiva, a partir de Outubro na SIC.
"Não sabemos ainda como vai ser o formato - disse -, mas em princípio vai ser a mesma fantochada que era na RTP. Vai ser difícil arranjarmos um título que seja tão sucinto como `Diz que é uma espécie de magazine´".
A base do espectáculo é uma série de conferências intitulada "Como fazer coisas com palavras", do professor inglês John Austin, proferidas há mais de quarenta anos.
Quando o crítico de cinema e poeta Pedro Mexia, que assina a dramaturgia, o desafiou há cerca de um ano para transpôr estas conferências para teatro, Ricardo Araújo Pereira sabia apenas que as teorias de John Austin giram em torno de uma permissa: falar não é só dizer, é também fazer.
"Basicamente é sobre isto que eu vou falar durante uma hora. E se calhar é melhor refrear as pessoas na corrida à bilheteira, porque sei que pode parecer muito apelativo", ironizou Ricardo Araújo Pereira em entrevista à agência Lusa.
Apesar dos espectáculos estarem quase esgotados, Ricardo Araújo Pereira garantiu que não haverá "stand up comedy", nem tão pouco um prolongamento em palco do trabalho que lhe é conhecido nos Gato Fedorento.
Na sala principal do Teatro São Luiz, o humorista estará num púlpito a dissertar sobre problemas linguísticos e sobre o uso da linguagem, sendo acompanhado em palco por dois actores que exemplificarão aquilo que vai dizendo.
"São observações sobre a linguagem em que acrescentámos alguns exemplos respeitando o tom e as ideias do autor", disse o humorista, que garantiu que não haverá imitações de figuras públicas que habitualmente façam discursos ou façam coisas com palavras.
"Quer dizer, há a hipótese de eu fazer isto tudo com a voz do professor Marcelo [Rebelo de Sousa]. Pode ser que à segunda representação, depois de levar com os tomates da primeira, venha para cá dizer `Boa noite, não sei quê, não sei quê´, avisou Ricardo Araújo Pereira imitando o tom de voz daquele comentador político.
Como humorista, quer acreditar que as palavras não são só palavras e que, de facto, se pode jogar com os seus diferentes sentidos e o trabalho de campo feito nos Gato Fedorento, de apropriação da realidade portuguesa, demonstra isso mesmo.
"O Pedro Mexia disse-me que se tinha lembrado de mim não só pela minha beleza física, mas também porque achava que o nosso trabalho [dos Gato Fedorento] era sobre a linguagem", disse o autor da rábula "falam, falam e eu não os vejo a fazer nada".
À pergunta se os portugueses fazem bom uso da palavra, Ricardo Araújo Pereira responde: "os empregados de mesa, a meu ver, fazem um trabalho nessa matéria muito importante, nomeadamente através de perguntas clássicas como `quer um copo de água ou um copo com água?´, `queria? já não quer?´".
A direcção de actores é de Dinarte Branco, a cenografia e figurinos do designer gráfico António Jorge Gonçalves e a música, feita a partir de gravações da voz de Ricardo Araújo Pereira, é de Armando Teixeira (Balla).
Ricardo Araújo Pereira, que não se leva a sério como actor, disse que "esta experiência tem sido muito rica" para perceber que "é uma coisa, de facto, a não repetir".
Ainda assim, por ser a primeira vez em todo o mundo que os textos de John Austin são adaptados para teatro, Ricardo Araújo Pereira admite, entre risos, que "vai ser uma coisa muito gira para exportar".
"Tenho a Broadway muito, muito insistentemente a esgatanhar-se...", troçou.
Depois de fazer coisas com palavras, Ricardo Araújo Pereira retomará o trabalho com os Gato Fedorento para uma nova série televisiva, a partir de Outubro na SIC.
"Não sabemos ainda como vai ser o formato - disse -, mas em princípio vai ser a mesma fantochada que era na RTP. Vai ser difícil arranjarmos um título que seja tão sucinto como `Diz que é uma espécie de magazine´".