Autor: Nuno Martins Neves/ Maria Andrade
Álamo de Oliveira tinha 80 anos de idade, e uma extensa obra, com mais de trinta livros publicados e traduzidos em mais de cinco línguas, que vão desde a poesia, ao romance, passando pelo teatro.
Destacam-se os romances Até Hoje (Memórias de Cão), premiado com o Maré Viva em 1985, e A Solidão da Casa do Regalo, vencedor do prémio Almeida Garrett em 1999. A sua obra Já Não Gosto de Chocolates foi traduzida para várias línguas e publicada nos Estados Unidos e no Japão.
Em 2002, foi o primeiro português convidado como "escritor do semestre" na Universidade da Califórnia em Berkeley, onde ensinou a sua própria obra no programa de Estudos Portugueses.
Foi também uma das figuras mais influentes do teatro açoriano, tendo sido fundador e dinamizador do grupo Alpendre, sediado em Angra do Heroísmo, onde encenou várias peças de sua autoria e promoveu novos autores locais.
A sua poesia foi traduzida para diversas línguas, incluindo inglês, francês, espanhol e croata, o que reforça o alcance internacional do seu legado literário.
A Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, autarquia que criou um prémio literário com o seu nome, já expressou o seu pesar pelo desaparecimento de Álamo de Oliveira.
"A Câmara Municipal de Angra do Heroísmo manifesta, com profundo pesar, o falecimento de Álamo Oliveira, distinto poeta, escritor e figura maior da cultura angrense e açoriana. Vulto incontornável da literatura, Álamo Oliveira deixa um legado de inestimável valor artístico e humano, que marcou gerações e enriqueceu de forma singular a identidade cultural de Angra do Heroísmo. À família enlutada, amigos e admiradores da sua obra, a autarquia endereça as mais sentidas condolências, prestando homenagem à memória de um homem cuja palavra continuará viva na alma desta terra", lê-se na página oficial da autarquia terceirense na rede social Facebook.
Também o Presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, em nota oficial, expressou profundo pesar pela notícia, considerando que a partida de Álamo Oliveira deixou a cultura açoriana e portuguesa mais pobres.
“A notícia da partida de Álamo Oliveira deixou-nos mais pobres. Partiu um homem que foi, ao longo da vida, uma das vozes mais autênticas da alma açoriana. Um criador inquieto, generoso e profundamente ligado às raízes das nossas ilhas, às suas gentes, às suas dores, às suas alegrias, às suas memórias.”, afirma a nota.
Prosseguiu: “em nome do Governo dos Açores e em meu nome pessoal, endereço à sua família, aos amigos, e a todos os que com ele caminharam, o nosso mais sentido pesar. Álamo Oliveira parte, mas deixa-nos o mais precioso dos testemunhos, a palavra que fica, a memória que ilumina, a Açorianidade que resiste”.