Autor: Lusa/AO Online
"O anúncio da abertura do serviço de urgência até final de agosto e dos restantes serviços - imagiologia, bloco operatório, unidade de cuidados intensivos – apenas em outubro, significa que o serviço de urgência não poderá funcionar em pleno, uma vez que isso não é possível sem esses serviços de apoio que só entrarão em funcionamento em outubro", considera o Bloco.
Na quarta-feira, a secretária regional da Saúde, Mónica Seidi, anunciou que o hospital modular que está a ser construído em Ponta Delgada, nos Açores, estará operacional em agosto, sendo o serviço de urgência a primeira valência a abrir e, no seu todo, a estrutura estará concluída no final de outubro.
Para o BE nos Açores, "mais uma vez, o Governo Regional não está a ser transparente com os utentes em relação aos cuidados de saúde que terão nos próximos tempos", alegando que "a única novidade" avançada na quarta-feira pelo executivo açoriano "foi o adiamento da abertura do funcionamento pleno do hospital modular de agosto para outubro".
O partido lembra recentes declarações, a 07 de junho, da secretária regional da Saúde, que "garantiu que o hospital modular estaria em funcionamento até ao fim do mês de agosto", um compromisso que "foi reafirmado publicamente pelo presidente do governo [regional] no dia 18 de junho".
O Bloco de Esquerda manifesta, por isso, "estupefação" com o anúncio feito na quarta-feira, dizendo "que, afinal, a abertura plena do hospital modular foi adiada para outubro".
Por isso, acrescenta o BE, é "cada vez mais difícil de perceber o racional da opção pela infraestrutura modular anunciada em detrimento da aposta na reabertura plena do HDES [Hospital do Divino Espírito Santo], quando mesmo o fator tempo já derrapou dois meses".
O Bloco aponta que a infraestrutura modular, que "custará 14 milhões de euros, a que acresce o valor dos equipamentos", terá uma capacidade muitíssimo inferior à do HDES e que só funcionará em pleno em outubro.
"Isso, se, entretanto, não houver mais adiantamentos [nas datas]", aponta o Bloco, criticando "a ausência de explicações" do executivo açoriano "sobre o que impede a reabertura em pleno dos serviços no edifício do HDES que ainda se encontram encerrados, nomeadamente sobre o que tem levado à alegada má qualidade do ar e concretamente quais são os parâmetros que têm falhado nas análises efetuadas".
O hospital modular está a ser instalado no perímetro do Hospital do Divino Espírito Santo, a maior unidade de saúde dos Açores, localizada na ilha de São Miguel, afetado por um incêndio a 04 de maio e cujos prejuízos estão estimados em 24 milhões de euros.
O incêndio no Hospital de Ponta Delgada obrigou, na ocasião, à transferência de todos os doentes que estavam internados para vários locais dos Açores, Madeira e continente.