Autor: Nuno Martins Neves
Pela primeira vez, a voz de um
açoriano foi ouvida no espaço. Alexandre Costa (18 anos) foi o primeiro
dos 16 estudantes do 12.º ano da secundária lagoense que conseguiram
colocar uma questão ao astronauta, naquele que foi o culminar de um
projeto iniciado há ano e meio.
Chegar à fala com um astronauta que está em órbita pareceu sempre um sonho distante, “aliás, nunca pensei que conseguíssemos”, explicou Alexandre Costa, que reconheceu estar com um “nervosinho miúdo”quando teve de falar e perguntar a Josh Cassada se os ossos, músculos e órgãos dos astronautas são afetados pela microgravidade.
Ao longo de quase 12 minutos, os estudantes foram perguntando sobre quase todos os temas, desde o que acontecia quando um astronauta fica muito doente, o que fazem durante a estadia na Estação Espacial Internacional ou se os astronautas jogam videojogos durante o tempo livre.
Maria João Dutra, que perguntou ao astronauta da NASAse a vida social dele era afetada pelo seu trabalho, confessa que ficou “ansiosa” quando ouviu a voz de Josh Cassada. A aluna de 17 anos, apaixonada pelo Espaço e com o sonho de ser controladora de tráfego aéreo, sentiu-se “orgulhosa e com a sensação de mérito” por terem sido os primeiros açorianos a falar para o espaço. “Fomos sempre trabalhando e chegado ao dia de hoje, parece que não é real”, explicou.
Os
estudantes sabiam que o tempo de ligação ia ser limitado, pois dependia
da passagem da Estação Espacial Internacional no raio da antena, situada
em Itália. Aexpectativa dos professores apontava para cinco perguntas,
mas as respostas expeditas de Josh Cassada permitiram chegar às 16. O
que significou que três alunos ficaram de fora.
Um deles foi Simão
Sousa, 18 anos, que ia perguntar o que os astronautas fazem no seu tempo
livre. Mesmo sem ter conseguido falar com o astronauta, reconhece que
foi uma experiência “muito valiosa. Só ouvir um astronauta falar, deu
para sentir a experiência na voz dele, o treino que teve para chegar a
esta posição”.
Atento a todas as incidências, o professor Luís Machado não escondia o orgulho de ter conseguido que os alunos da Secundária da Lagoa conseguissem chegar à fala com um astronauta no Espaço. “O mérito é deles”, reconheceu aquele que é um dos docentes impulsionadores do projeto “Azores at Space”, não escondendo a sua “satisfação, mas também nervosismo, pois isto nunca foi feito antes na Região”.
Ontem foi o culminar de um ano e meio de trabalho, que
envolveu contactos entre as mais diversas entidades, da NASAà ESA. Este
ano, a comunicação entre a Estação Espacial Internacional e os
estudantes açorianos foi apenas de voz, mas a equipa do professor Luís
Machado já está a trabalhar para que “no próximo ano, haja imagem”.