Açoriano Oriental
Maioria Absoluta
Um ano depois, quatro partidos da oposição mudaram de líder

PSD, CDS-PP, IL e PCP mudaram de liderança desde a maioria absoluta do PS em 30 de janeiro do ano passado, embora nem todos em consequência direta dos resultados das últimas legislativas.

Um ano depois, quatro partidos da oposição mudaram de líder

Autor: Lusa /AO Online

Nessa eleição, o PSD perdeu deputados – passou de 79 para 77 -, o CDS-PP deixou de ter representação parlamentar pela primeira vez na sua história (tinha cinco), enquanto Chega e IL se reforçaram, passando de deputados únicos para 12 e oito parlamentares, respetivamente.

PCP e BE, que somavam na anterior legislatura 31 deputados, caíram para um total de 11 (seis comunistas e cinco bloquistas), enquanto o PAN passou de um grupo parlamentar de quatro elementos para uma deputada única e o Livre manteve um deputado eleito (na anterior legislatura Joacine Katar Moreira tinha passado a não inscrita por divergências internas).

A primeira ‘baixa’ nas lideranças partidárias ocorreu logo na noite eleitoral: Francisco Rodrigues dos Santos assumiu a derrota do CDS-PP em toda a linha e anunciou a demissão. Em abril, viria a ser substituído na presidência dos democratas-cristãos pelo eurodeputado Nuno Melo.

No PSD, Rui Rio também anunciaria dias depois das legislativas a convocação de diretas antecipadas e a sua não recandidatura por ter falhado os objetivos eleitorais, num processo longo e que só ficaria resolvido em Congresso em julho, com a entronização de Luís Montenegro, que em maio tinha vencido em eleições diretas Jorge Moreira da Silva.

No PCP, Jerónimo de Sousa foi sendo questionado durante meses sobre a sua saída, mas foi de surpresa que, em novembro, foi anunciado o nome de Paulo Raimundo como novo secretário-geral, mudança justificada não pelos resultados mas por “uma avaliação própria” do líder comunista de 75 anos, “sobre a sua situação de saúde e as exigências correspondentes às responsabilidades que assume”.

A troca de líderes mais inesperada aconteceu no passado fim de semana, na Iniciativa Liberal: Rui Rocha foi eleito presidente, numa convenção dividida com a adversária Carla Castro, depois de no final de outubro João Cotrim Figueiredo ter anunciado que não se recandidataria ao cargo nas eleições internas antecipadas um ano por entender não ser a pessoa ideal para presidir ao partido que agora precisava “de uma postura distinta” para continuar a crescer.

No PAN, os maus resultados nas legislativas provocaram alguma turbulência interna, e chegou a estar em marcha uma recolha de assinaturas para antecipar o Congresso de junho de 2023, tendo sido prometida então uma candidatura alternativa à de Inês Sousa Real.

O BE também terá Convenção este ano – a última foi em maio de 2021 -, mas figuras destacadas do Bloco, como o líder parlamentar Pedro Filipe Soares, já afirmaram que se a coordenadora Catarina Martins quiser continuar “terá a confiança do partido”.

No Chega, que está reunido em Congresso este fim de semana, a liderança de André Ventura não foi desafiada desde 2019, embora vários críticos internos tenham sido afastados da direção e até expulsos do partido.

Numa altura em que as sondagens parecem apontar para um crescimento do centro-direita no seu conjunto, uma das grandes incógnitas será a possibilidade de entendimentos eleitorais entre PSD, IL e Chega.

Luís Montenegro tem dito que esta não é altura de responder a estas questões, deixando apenas garantias de que o PSD nunca violará os seus princípios, enquanto o novo presidente da IL, Rui Rocha, tem sido categórico a afastar futuros entendimentos com o partido de André Ventura, garantindo até que não repetirá acordos do tipo do alcançado nos Açores.

Nessa Região Autónoma, em 2020 o PS ganhou sem maioria absoluta e PSD, CDS-PP e PPM formaram uma coligação de Governo, que conta com o apoio parlamentar do Chega e da IL.

Já Ventura, em entrevista à Lusa, rejeitou o cenário de uma “geringonça à direita” (apenas de apoio parlamentar), dizendo que o partido deverá ter um “papel preponderante” num eventual Governo com o PSD.

O CDS-PP terá como grande desafio voltar a ter representação parlamentar, com um teste já nas europeias do próximo ano para manter o único deputado que mantém atualmente no Parlamento Europeu.

À esquerda, acabou definitivamente o tempo da ‘geringonça’ e comunistas e bloquistas votaram contra os dois primeiros Orçamentos do Estado dos socialistas, que apenas têm contado com a abstenção dos deputados únicos de PAN e Livre.

O xadrez eleitoral começará a mover-se já este ano, com regionais na Madeira (a que PSD e CDS-PP concorrerão em coligação pré-eleitoral para repetir a que têm atualmente no Governo), prosseguindo em 2024 com europeias e regionais dos Açores e, no ano seguinte, com autárquicas.

Se não houver antecipações dos calendários eleitorais, os portugueses voltarão a ir às urnas por duas vezes em 2026, logo no início do ano para escolher o próximo Presidente da República e, após o verão, para as eleições legislativas.


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