Autor: Rui Jorge Cabral
A tipologia de Turismo em Espaço Rural (TER) foi a primeira nos Açores a
 ultrapassar, no passado mês de outubro, o número de dormidas do mesmo 
mês em 2019, antes da pandemia. 
Segundo os mais recentes dados do 
Serviço Regional de Estatística dos Açores (SREA), no passado mês de 
outubro, registaram-se 5163 dormidas em TER, quando em outubro de 2019, 
num ano recorde para o turismo açoriano, os espaços TER tinham registado
 4656 dormidas. 
E se é certo que no acumulado de janeiro a outubro, 
quer o turismo rural, quer a hotelaria tradicional, quer o alojamento 
local, ainda estão a perder muitas dormidas face ao mesmo período de 
2019, fruto de um primeiro semestre muito mau, o facto de pelo menos num
 mês e numa tipologia - ainda que pouco expressiva no global das 
dormidas - se ter ultrapassado um valor homólogo do período pré-pandemia
 não deixa de ser um sinal encorajador para a retoma do turismo nos 
Açores. 
Em declarações ao Açoriano Oriental, o presidente da 
Associação de Turismo em Espaço Rural - ‘Casas Açorianas’, Gilberto 
Vieira, começa por afirmar que estes números “são verdadeiramente 
animadores para aquilo que ao Turismo Rural e de Natureza no arquipélago
 diz respeito”, justificando-os com “a imagem de diferenciação cultural,
 tranquilidade e até de segurança sanitária de que as unidades desta 
tipologia gozam e que soubemos divulgar, num esforço contínuo de muitos 
anos”. 
Gilberto Vieira considera também que no contexto de pandemia 
que ainda se vive, “os viajantes, ansiosos por retomar a descoberta de 
outras realidades, optam por este género de acolhimento, com tudo o que 
tem de riqueza vivencial e de minimização de riscos, face a grandes 
unidades de hotelaria convencional”.  
Quanto ao novo perfil de 
turismo que a pandemia pode estar a traçar, o presidente da ‘Casas 
Açorianas’ considera que “vamos ter que lidar com tempos diferenciados, 
na tentativa de retoma sustentada da atividade turística nos Açores que,
 tinha atingido uma progressão assinalável até que a pandemia veio 
confirmar, dolorosamente, que além da questão central, neste caso, que é
 a saúde e a vida, há situações imprevisíveis que não antecipamos e que 
podem mudar, de um momento para o outro, aquilo que era dado como 
adquirido”. 
Gilberto Vieira considera também que os próximos tempos 
são para “consolidar a imagem de que o arquipélago já vinha 
beneficiando, pelas suas características únicas, no conjunto do mercado 
turístico mundial” ao mesmo tempo que é importante “garantir que não se 
façam cedências naquilo que verdadeiramente nos distingue, na ânsia de 
recuperar de imediato o que a pandemia subtraiu nos negócios”. 
O 
presidente da ‘Casas Açorianas’ apela ainda a que o Turismo em Espaço 
Rural seja reconhecido como um “produto-âncora e alavanca da 
visibilidade do destino Açores, pela sua especificidade e autenticidade,
 elementos que são extremamente atrativos junto de um cada vez maior 
número de entusiastas”.  
Por fim, apela a uma “atenção especial por 
parte das entidades oficiais para com o Turismo Rural e de Natureza”, 
até porque, conclui, “algumas unidades viram a sua atividade em risco de
 encerrar” no contexto da pandemia, embora mantenham o seu potencial.