Açoriano Oriental
Tradição e partilha unidas na celebração do Espírito Santo

Nem a ameaça de chuva afastou os milhares de visitantes que encheram Ponta Delgada para celebrar as festas em honra do Divino Espírito Santo. Com partilha de sopas, cortejo etnográfico e a presença de residentes, turistas e emigrantes, o evento reforçou o espírito de solidariedade que caracteriza esta celebração


Autor: Ana Carvalho Melo

Ponta Delgada esteve ontem em festa com mais uma celebração em honra do Divino Espírito Santo, e nem mesmo a ameaça de chuva afastou os muitos milhares de pessoas que se deslocaram ao Campo de São Francisco para a partilha popular das Sopas e para assistir ao cortejo etnográfico das 24 freguesias do concelho.

Ainda antes do meio-dia, hora prevista para a inauguração do Triato do Espírito Santo no coreto do Campo de São Francisco, já muitas pessoas se reuniam no campo, umas a guardar lugar na mesa, enquanto outras já ocupavam o seu lugar na fila para receber a sua sopa e o arroz-doce.

Entre estes milhares de pessoas encontrava-se Dina Silva, que vinha acompanhada pela sogra Almerinda, residente em Santa Maria, que estava pela primeira vez a conhecer esta festa que é já uma tradição.

“Hoje vim com a minha sogra, que é a primeira vez que vem às festas do Divino Espírito Santo, e fiz questão de a trazer, apesar de o tempo não estar muito agradável. Mas eu costumo vir porque gosto muito do convívio, da sopa e especialmente do arroz-doce”, contou Dina Silva.

“Venho a São Miguel muitas vezes, mas a esta festa é a primeira vez que venho, e estou a gostar do ambiente e quero experimentar as sopas de cá”, acrescentou Almerinda.

Também para Etelvina Martins, que mora nos Estados Unidos e que estava ontem no Campo de São Francisco, era uma estreia. Emigrada há 58 anos, veio passar uma semana à sua ilha natal, tendo escolhido exatamente esta altura para coincidir com as festas.

“Nasci em São José, em Ponta Delgada, mas nunca tinha vindo a estas festas. Este ano quis vir para as conhecer. Lembro-me muito bem das festas do Espírito Santo quando era pequenina, e nos Estados Unidos também fazemos uma imitação em ponto mais pequeno porque temos muitos portugueses”, relatou.

“Estou a gostar imenso. Ainda ontem o motorista levou-nos a passear pela ilha e vi como está tudo muito evoluído e muito bonito”, acrescentou.

Do Canadá, Derick Mateus, que está de férias em São Miguel onde tem família, revelou ao Açoriano Oriental que, apesar de vir aos Açores todos os anos, esta foi a primeira vez que pôde vivenciar estas festas. Para este lusodescendente, nascido no Canadá, a partilha das sopas “é um gesto único”.

De Porto Rico, no final de uma viagem pela Europa, José Rodriguez e Olga Zambrano admiravam ontem, no Campo de São Francisco, a atuação dos Foliões após a inauguração do Triato.

“A única coisa que sei desta festa é o que os meus pais, que eram da ilha da Madeira, me contavam”, disse José Rodriguez, que se mostrava muito interessado em perceber mais sobre o que se estava a passar.

Também Olga Zambrano, que não parava de fotografar e filmar o que se passava no Campo de São Francisco, confidenciou: “Estou a gostar muito de conhecer a cultura de São Miguel. É uma ilha bonita”.

De Braga, Manuel Ferreira e a sua mulher deram o seu parecer positivo às sopas do Espírito Santo, uma iguaria que nunca tinham experimentado.

“Já ouvimos falar muito desta festa e queríamos experimentar. Agora tivemos oportunidade de vir e quisemos provar a sopa, que é muito boa”, afirmaram.

Anfitrião destas festas, o presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada andou pelo Campo de São Francisco a cumprimentar os presentes e considerou que “a partilha das sopas do Divino Espírito Santo dá o verdadeiro significado à essência da nossa homenagem ao Divino Espírito Santo, que é esta partilha, esta amizade, esta solidariedade e convívio que fazemos no Campo de São Francisco ano após ano”.

Realçou ainda que, “ano após ano, tem havido uma participação mais diversificada, não só dos nossos residentes, como de outros concelhos de São Miguel, mas também de turistas e pessoas da diáspora que têm vindo a participar de forma crescente. Tudo isto enaltece os valores da partilha e da amizade pelos quais todos nós pugnamos nestas Grandes Festas do Divino Espírito Santo”.

Ontem, no Campo de São Francisco, foram distribuídas mais de 13 mil sopas do Espírito Santo e arroz-doce, num gesto solidário que se repete há 21 anos.

Durante a tarde, a festa continuou com o cortejo etnográfico que juntou as 24 freguesias do concelho e que percorreu as avenidas João Bosco Mota Amaral e Infante D. Henrique.
Como é habitual, cada freguesia esmerou-se em apresentar o que de mais representativo possui num cortejo que reuniu 32 carros alegóricos e 22 carros de bois, acompanhados por muita música de grupos de foliões, de folclore, assim como de filarmónicas.

Desta forma, foi possível recordar tradições antigas, mas também se deu oportunidade aos mais novos de ficarem a saber um pouco sobre a história e a tradição do concelho, num cortejo que mais uma vez atraiu milhares de pessoas à cidade.

Hoje, a festa continua e irá honrar também os Bombeiros Voluntários de Ponta Delgada, colocando esta associação em lugar de destaque na tradicional Grande Coroação dos Impérios, a decorrer esta tarde.

Já o Quarto do Divino Espírito Santo foi inaugurado na sexta-feira e pode ser visitado no Salão Nobre da Câmara Municipal.

PUB
Regional Ver Mais
Cultura & Social Ver Mais
Açormédia, S.A. | Todos os direitos reservados

Este site utiliza cookies: ao navegar no site está a consentir a sua utilização.
Consulte os termos e condições de utilização e a política de privacidade do site do Açoriano Oriental.