Autor: Lusa/AO Online
Os britânicos continuam divididos sobre as relações com a União Europeia (UE) pós-Brexit e sobre quem tem a culpa sobre o atual impasse na questão da Irlanda do Norte, Londres ou Bruxelas, indica uma sondagem publicada hoje.
No estudo do Conselho Europeu para as Relações Externas em Berlim (ECFR, na sigla em inglês), 39% dos inquiridos culpam o Governo britânico e 38% responsabilizam a UE.
As respostas são maioritariamente alinhadas com a orientação partidária: 71% dos militantes do Partido Conservador, liderado pelo primeiro-ministro, Boris Johnson, culpam a UE, enquanto 67% dos eleitores trabalhistas e 70% dos eleitores liberais democratas, ambos na oposição e tradicionalmente pró-europeus, culpam o Reino Unido.
Porém, questionados sobre qual é o parceiro internacional que consideram mais importante, 39% dos britânicos elegeram a UE e só 22% escolheram os Estados Unidos da América (EUA), seguidos pela Austrália (6%).
A maioria (54%) dos participantes no inquérito aos britânicos acredita estar em curso uma guerra fria entre os EUA e a China, mas 46% preferem que o Reino Unido se mantenha neutro e só 34% defendem que o Reino Unido deve apoiar os norte-americanos no caso de um conflito militar.
“O atual Governo britânico definiu-se a si mesmo e a sua ideologia em oposição à UE, isolando-se assim de uma abordagem mais flexível e independente. A investigação do ECFR demonstra que a ideologia do Governo reflete as visões anti-UE da sua base de eleitores conservadores, mas não da população mais abrangente do Reino Unido”, conclui um dos co-autores do relatório, Nick Witney.
O diretor de pesquisa do ECFR, Jeremy Shapiro, também co-autor, sugere que o Governo britânico deve privilegiar a proximidade geográfica e relações históricas e económicas.
“Em vez de olhar para trás, para um século XIX esquecido, e para o outro lado do mundo, para um distante Indo-Pacífico, o Reino Unido pode obter a prosperidade e o respeito que deseja, concentrando-se na sua capacidade única de trabalhar bem com uma variedade de parceiros, especialmente a UE e os EUA, e usando a sua posição privilegiada nas instituições internacionais, o corpo diplomático de classe mundial e um esforço cuidadoso para manter o seu poder de influência [soft power] ainda considerável", afirma.