Autor: Lusa/AO Online
A publicação vai ser apresentada ao público na associação de dadores de Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro, e reunirá em 36 páginas vários artigos de especialistas clínicos e personalidades do universo do voluntariado, abordando desde temas técnicos de segurança médica até relatos sobre a experiência pessoal de dadores e a atividade desenvolvida pelas associações que com eles trabalham.
“É nos jovens que assenta a nossa estratégia para garantir o futuro da dádiva de sangue, seja com novos dadores, seja também com novos dirigentes”, declara o presidente da Federação, Paulo Cardoso, que representa cerca de 65 associações de todo o país.
Esse responsável diz que a revista também é uma forma de agradecer o contributo dos milhares de cidadãos que todos os anos se juntam a esta causa voluntária – o nome da publicação é precisamente “Homenagem ao Dador de Sangue” –, mas realça que a prioridade é fazer ver à população que o volume de remessas sanguíneas a disponibilizar aos hospitais depende de mais jovens criarem o hábito de participar regularmente em colheitas.
O vice-presidente da Federação e líder da sua associada de Santa Maria da Feira, Albano Dias Santos, considera que os números falam por si: “No nosso melhor ano chegámos a ter 17.000 dádivas e agora, em 2023, não devemos chegar nem às 10.000. Isto significa que perdemos muita gente que vinha dar sangue com frequência e não estamos a conseguir substituir essas pessoas”.
A associação de dadores de Santa Maria da Feira continua a ser “das maiores do país”, juntamente com as de Torres Vedras e Vila Nova de Famalicão, mas o responsável por essa estrutura defende que a continuidade do trabalho “passa muito por fazer chegar informação útil às pessoas” e lhes explicar “sem alarmismos” como o seu contributo é decisivo para as necessidades do setor da saúde.
“Quando aparece uma notícia a dizer que faltou sangue num hospital, seja ela verdade ou mentira, o número de dádivas aumenta logo e temos que agradecer por isso. O problema é que, passada uma semana ou duas, volta a haver uma quebra muito grande e a questão de fundo continua por resolver”, explica Albano Dias Santos.
O apelo aos jovens maiores de 18 anos visa, portanto, “aumentar e estabilizar o fluxo” de dádivas. Após algumas campanhas de sensibilização em escolas e em centros de acolhimento das Jornadas Mundiais da Juventude, “houve um pequeno crescimento de participação”, mas o vice-presidente da Federação garante que o número de novos dadores “ainda está muitíssimo longe de repor a saída dos mais antigos” – que se afastaram devido à idade ou a problemas físicos e sociais agravados pela pandemia de covid-19.