Autor: Nuno Martins Neves
A responsabilidade de representar os Açores em Bruxelas, depois de uma legislatura sem qualquer eurodeputado açoriano, já seria alta, mas Jorge Macedo entende que agora é muito maior “pois a expectativa dos açorianos aumenta muito”.
Aquela que é “a melhor notícia” para os Açores, como classifica Sónia Nicolau, e uma “enorme responsabilidade” para os três eurodeputados, de quem a comentadora da rádio Açores TSF espera que possam ter “uma maior atenção e sensibilidade para dossiers importantíssimos para a Região, nomeadamente a agricultura, pescas e transferência de conhecimento, que não têm sido alvo nestes últimos anos”.
Já Jorge Macedo deixa um apelo aos eurodeputados açorianos eleitos pelas estruturas nacionais para que não se fiquem apenas por Bruxelas e que venham medir o pulso da Região regularmente.
“Deixo um apelo para que os dois eurodeputados e a eurodeputada não fixem residência em Bruxelas e, no mínimo, de 15 em 15 dias estejam nos Açores para que possamos saber do trabalho que estão a fazer e contactar com as instituições, eleitores e povo dos Açores. Não se fiquem apenas pelos corredores do Parlamento Europeu”.
Sobre os resultados regionais do ato eleitoral europeu, os comentadores apontam que a governação da coligação PSD/CDS/PPM, liderada por José Manuel Bolieiro, saiu “validada”, tendo os eleitores açorianos demonstrado “maturidade”, ao não deixarem contaminar as Europeias com casos da política regional.
“Numa leitura política, diria que a vitória da coligação liderada pelo PSD nos Açores - a chamada AD lá fora - mantém a diferença de 6 pontos percentuais para o PS, em comparação com as Legislativas Regionais. O executivo de José Manuel Bolieiro vê, dessa maneira, validada a sua governação”, assinala Jorge Macedo.
Apesar do resultado do Partido Socialista dos Açores não acompanhar a vitória nacional, o comentador classificou-a de “normal”, devido ao momento de passagem de testemunha que os socialistas atravessam, com a saída de Vasco Cordeiro.
Já Sónia Nicolau tem uma leitura distinta, considerando que se trata de uma “enorme chamada de atenção do povo para o partido”.
“E perante esta chamada de atenção, o PS Açores não pode responder apenas com falhas de comunicação: temo que, se assim for, o futuro continuará a adiar o PS para servir os açorianos”.
A comentadora considera, também, que as recentes notícias sobra a SATA, a falta de pagamento a fornecedores ou a situação do Hospital de Ponta delgada poderiam ter prejudicado a coligação, “mas tal não aconteceu. O que prova uma enorme maturidade dos açorianos, que separaram situações e deram um sinal muito claro da avaliação que fizeram dos candidatos”.
Jorge Macedo destaca, ainda, o “excelente resultado” da Iniciativa Liberal, que triplicou o seu resultado nos Açores, relativamente às Legislativas Nacionais, enquanto o Chega resistiu, no arquipélago, à “hecatombe” do partido a nível nacional.
Por último, Sónia Nicolau destaca os
resultados nacionais globais, que colocam Portugal, na sua opinião,
“como uma referência de moderação no espetro europeu: o Chega é um
partido que fica no 3.º lugar, contrariamente às aspirações do candidato
e do seu líder, e isso é uma excelente notícia para Portugal”.