Açoriano Oriental
Mariana Mortágua anuncia que não vai recandidatar-se à liderança do BE

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, anunciou que não irá recandidatar-se à liderança do partido, considerando que a direção por si encabeçada foi incapaz de "gerar um novo impulso político e eleitoral".

Mariana Mortágua anuncia que não vai recandidatar-se à liderança do BE

Autor: Lusa

"Face a este balanço, e agora que termino o mandato que me foi conferido na última Convenção, comunico-vos que decidi não me candidatar a um novo mandato de coordenadora do Bloco de Esquerda", lê-se numa carta enviada aos militantes e à qual a Lusa teve acesso.

Nesta missiva, Mariana Mortágua recorda que quando foi eleita coordenadora, há apenas dois anos e meio, "conhecia as difíceis condições políticas da esquerda e do partido".

"Depois do colapso da maioria absoluta do PS e com o reforço da direita e da extrema-direita era preciso encontrar outros caminhos. Considero que esse objetivo não foi cumprido. Não apenas porque continuou a redução do espaço eleitoral do Bloco, mas também porque a renovação que então fizemos não se revelou suficiente para relançar a nossa intervenção social", defende Mortágua.

A bloquista continua, refletindo: "A política, como a vida, somos nós e as nossas circunstâncias".

Acrescenta que, nos últimos anos do seu mandato, "a precipitação de sucessivas campanhas eleitorais tirou espaço e tempo à reflexão interna" do partido "e prejudicou uma transformação efetiva do funcionamento do Bloco".

"A direção por mim encabeçada foi incapaz de inverter a excessiva centralização da estrutura do Bloco e gerar um novo impulso político e eleitoral. Bem sabemos das empenhadas campanhas de ódio dos nossos adversários, mas o certo é que não conseguimos neutralizá-las", lê-se no texto.

Mariana Mortágua diz tomar esta decisão “com a tranquilidade” conferida pelo “constante apoio” dos seus “camaradas ao longo de todo este tempo”.

“Faço-o por acreditar que o Bloco beneficiará de ter, na coordenação e no parlamento, pessoas com melhores condições do que aquelas que hoje tenho para dar voz ao partido”, sustenta Mortágua, que além de coordenadora é a única deputada eleita pelo partido na Assembleia da República.

Na lista do BE pelo círculo eleitoral de Lisboa nas últimas legislativas, surge em segundo lugar Fabian Figueiredo, antigo líder parlamentar bloquista.

Em terceiro, Andreia Galvão, que recentemente substituiu a coordenadora no parlamento quando participou numa flotilha que tinha como objetivo levar ajuda humanitária até à Faixa de Gaza.

Na opinião da bloquista, “a pluralidade reforça” o partido e “caberá a cada uma das moções presentes à próxima Convenção apresentar as suas alternativas de direção” – além da moção A, encabeçada por si, foram apresentadas mais quatro moções opositoras na reunião magna que está agendada para dia 29 e 30 de novembro.

Mariana Mortágua finaliza a missiva salientando que “a esquerda em geral, e o BE em particular, “atravessa um período difícil e não é só” em Portugal.

“Estes são os tempos que nos toca viver e o Bloco tem a história, as ideias, a coerência e a militância para os enfrentar e para surpreender mais uma vez quem se assanha para nos atacar. Não temos medo e venceremos os novos fascistas e toda a opressão com a força da ideia socialista. Serei parte desse caminho, como sou há quase vinte anos. Confio neste partido, na gente que o faz. Conta comigo”, remata a líder bloquista.

Entretanto, a coordenadora do BE agendou para esta tarde uma conferência de imprensa, na sede nacional do partido, em Lisboa, para detalhar as razões que motivaram esta decisão.

Mariana Mortágua, 39 anos, economista, foi eleita coordenadora nacional do BE em maio de 2023, na última convenção nacional do partido, sucedendo a Catarina Martins, atual candidata à Presidência da República apoiada pelo seu partido.

Nas eleições legislativas de maio deste ano, o BE teve o seu pior resultado de sempre na sua história em eleições deste tipo, passando de cinco parlamentares para apenas uma, e nas autárquicas deste mês passou de cinco vereadores e 94 deputados municipais para uma vereadora em Lisboa, eleita no âmbito da coligação que juntou bloquistas a PS, Livre e PAN, e um total de 17 deputados em câmaras e freguesias.


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