Açoriano Oriental
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Raimundo responsabiliza políticas do PS por injustiças disfarçadas de crise

O novo secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, criticou hoje as opções políticas do PS que provocam a “injustiça” da degradação das condições de vida e que, afirmou, surgem disfarçadas de uma crise socioeconómica.

Raimundo responsabiliza políticas do PS por injustiças disfarçadas de crise

Autor: Lusa /AO Online

“A isto não se chama crise, isto tem outro nome: injustiça”, alertou Paulo Raimundo na primeira intervenção que fez como secretário-geral comunista, recusando que o país seja pobre.

Em pouco mais de 30 minutos, o novo secretário-geral do PCP, que foi eleito na noite de sábado por unanimidade (mas não participou na própria eleição), rejeitou que haja uma crise socioeconómica quando há “um punhado” que está a “lucrar enquanto a fatura sobre sempre para os mesmos”.

A “injustiça”, reforçou o secretário-geral do PCP, “tem responsáveis”, que estão sempre a apelar “à compreensão: 'isto está difícil para todos', 'mais vale pouco do que nada', 'não se pode ter tudo de uma vez', 'a culpa é da guerra'”.

Para Paulo Raimundo, o aumento dos preços, os baixos salários, as rendas altas e os "juros proibitivos" resultam de opções políticas e não são uma inevitabilidade. Raimundo alertou para “mentiras" que são propagadas "para que os poucos do costume arrecadem muito e tudo de uma só vez”.

As “injustiças”, continuou, são resultado da “opção política do Governo PS, bem evidente no Orçamento do Estado, e é, com mais ou menos berraria e aparente discordância, a opção de fundo de PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal”.

O país não pode aceitar “que para muitos sobrem os sacrifícios e para poucos os lucros”, a “brutal pressão, chantagem e ataque aos salários, ao mesmo tempo que o Governo, por via do Orçamento do Estado, assegura lucros milionários aos grupos económicos”, sustentou.

E questionou o 'mantra' de António Costa: “Contas certas para quem e com quem?”

Paulo Raimundo advertiu o primeiro-ministro que o Governo “não ficou totalmente de mãos livres” com a maioria absoluta. O descontentamento da população e a “intervenção do PCP” são forças que “lhe fazem frente”.

Na Conferência Nacional do PCP, assegurou o novo líder, não houve “assaltos à democracia, alterações às leis eleitorais e laborais ou golpes à Constituição”, como também “não se apelou ao conformismo ou se instigou o medo” nos portugueses.

Paulo Raimundo insistiu nas bandeiras do partido como necessárias para responder às "injustiças", como o aumento dos salários e pensões ou a resposta à desregulação na habitação.

“Aqui tomamos a iniciativa pela defesa e concretização da Constituição da República e pela concretização dos direitos que ela consagra. Afirmamos que 'Abril' é mais futuro, um futuro de progresso e oposto à política de direita, à ofensiva reacionária, ao pensamento único, ao racismo e xenofobia e ao ódio fascizante. Não estamos, nem queremos estar sós na construção de uma vida melhor”, assegurou.

A intervenção de Raimundo no encerramento da quarta conferência em 100 anos esteva dividida em duas partes: uma de ataque às políticas que o PS está a levar a cabo e à direita, e outra para dentro, para um partido que está “mais forte”, mas precisa dos esforços de todos.

“Um partido onde todos se constituem num só, um partido onde a sua unidade e coesão depende também do papel, dedicação, intervenção e militância de cada um”, advertiu.

Paulo Raimundo enfatizou que a eficácia da intervenção do partido depende da ligação “às massas”, ideia que repetiu quatro vezes: o partido tem de “reforçar as organizações e movimentos de massas”; tem de “estar ainda mais enraizado nas massas”; tem de estar mais associado “à vida e às massas”; tem de forçar uma “frente de intervenção de organizações de massas das mais diversas áreas”.

E para que dúvidas não restassem, Paulo Raimundo lembrou para quem é o PCP existe e fez questão de afirmar que conta com os aliados e democratas: "Não estamos, nem queremos estar sós".

“O nosso compromisso é o de sempre e com os mesmos de sempre, os trabalhadores” e a intervenção que o partido terá nunca vai ter “manobras para cortar reformas e pensões”, reforçou Paulo Raimundo.

Eleito no sábado por unanimidade, Paulo Raimundo tem agora de se afirmar dentro de um partido que perdeu influência autárquica e na Assembleia da República nos últimos anos – perdeu metade das câmaras municipais em 2021 e quatro deputados nas legislativas de janeiro (tem seis deputado agora).

Enquanto as outras forças políticas se ficam “pela espuma dos dias”, advogou o novo líder, o PCP irá responder com “audácia, criatividade e persistência” aos “problemas concretos” de um país” que “não é pobre, foi empobrecido, mas não está condenado ao atraso”.


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