Autor: Lusa/AO Online
Numa conferência de imprensa no final de um Conselho «Jumbo» (de ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da UE), em Bruxelas, durante o qual apresentou formalmente aos 27 a primeira proposta da «bússola» para orientar a futura política de Defesa da União, Josep Borrell afirmou que a mesma “recebeu um amplo apoio dos ministros, que expressaram a sua prontidão para continuar a trabalhar ativamente na mesma, com vista à adoção da bússola no Conselho Europeu de março” de 2022.
“Entretanto, daqui até março, vou apresentar pelo menos mais dois novos esboços, incorporando o resultado do trabalho que vai ter agora início nos diferentes grupos de trabalho do Conselho, mas, de uma forma geral, devo dizer que os Estados-membros apoiaram a abordagem”, indicou.
Apontando que fez questão de sublinhar que “este documento não é apenas mais um documento político, mas sim um guia para agir, com medidas concretas e um calendário”, Borrell explicou então que a «bússola» compreende quatro grandes dimensões, ao nível da ação, segurança, investimento e parcerias.
Relativamente à ação, comentou que “a UE precisa de ser capaz de agir mais rapidamente, de forma mais robusta e decisiva em respostas a crises”, razão pela qual propõe a criação de uma capacidade europeia de intervenção rápida constituída por um número de militares a determinar em função de cada missão, mas que pode rondar os 5.000 militares.
A nível de segurança, defendeu a criação de uma «caixa de ferramentas híbridas» para “garantir uma resposta mais ajustada e coordenada” ao novo ambiente estratégico, no qual, assinalou, é cada vez mais difícil distinguir entre os conceitos clássicos de “paz” e “guerra”, já que “há agora muitos cinzentos entre o branco e o negro”, com ameaças com recurso a táticas híbridas, como é o caso do que está a suceder atualmente na fronteira da Bielorrússia.
A este propósito, e reafirmando que aquilo que se passa na fronteira da Bielorrússia com a Polónia “não é uma crise migratória”, comentou que este é o género de situação para a qual a União estará melhor preparada quando dispuser de várias ferramentas para enfrentar as ameaças híbridas.
Outra dimensão da «bússola», apontou, passa por reforçar os investimentos em Defesa, já que, “para agir, a UE precisa de capacidades”, e já foram identificadas as grandes lacunas em termos de capacidades críticas.
Por fim, em matéria de cooperação, defendeu o reforço das parcerias, “a começar pela NATO”, uma questão que admitiu ter sido suscitada por vários Estados-membros, mas que, na sua opinião, é pacífica, pois todos concordam que “a bússola é também uma forma de tornar a Aliança mais forte”, pois o reforço das capacidades da UE é também um reforço da própria organização transatlântica.
Presente hoje na discussão entre os ministros da Defesa, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, partilhou essa ideia, saudando os esforços da União no sentido de melhorar as suas capacidades, pois os desafios exigem “uma solidariedade estratégica entre a Europa e a América do Norte”, ainda que observando que a Aliança Atlântica “continuará a ser a pedra angular” da Defesa europeia.
Portugal esteve representado na reunião conjunta de segunda-feira à noite, na qual foi discutido o primeiro esboço formal da «bússola», pelo ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, e pelo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros, Francisco André, que não prestaram declarações à imprensa.