Açoriano Oriental
Preço da construção vai subir mas o maior problema é a mão-de-obra

Subida do preço do cimento vai tornar a construção mais cara, mas para a associação que representa o setor, o grande problema continua a ser a falta de mão-de-obra e o ritmo lento das obras.

Preço da construção vai subir mas o maior problema é a mão-de-obra

Autor: Rui Jorge Cabral

O acordo alcançado entre o Governo Regional e a Cimentaçor para subir o preço do cimento em 20 cêntimos por saco, conforme anunciou a Antena 1/Açores, já era uma notícia “esperada” pela Associação dos Industriais de Construção Civil e Obras Públicas dos Açores (AICOPA).

Contudo, isso não irá impedir uma subida do preço da construção civil nos Açores e uma previsível revisão de preços em muitas obras atualmente a decorrer e que ainda necessitem de cimento para a sua execução. 

E conforme explica em declarações ao Açoriano Oriental a presidente da AICOPA, Alexandra Bragança, “é óbvio que a partir de agora, todas as propostas que sejam apresentadas, quer ao nível da contratação pública, quer ao nível das obras particulares, já vão ter em consideração este aumento do preço do cimento. Portanto, não tenhamos dúvidas que quem vai pagar este acréscimo, daqui para a frente, serão os clientes particulares e o cliente público”.

Isto numa altura em que, em plena execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), foram vendidas no primeiro semestre deste ano menos 6500 toneladas de cimento na Região, por comparação com os primeiros seis meses de 2024, segundo os mais recentes dados do Serviço Regional de Estatística dos Açores (SREA).

E para Alexandra Bragança “podem existir aqui duas razões. Uma delas é o facto de não termos o volume de obras portuárias que tínhamos em 2024, nesta altura do ano, e que são obras tendencialmente grandes consumidoras de cimento. Portanto, por essa razão também o consumo é menor. Por outro lado, também nos pode indicar aqui algo importante, que é a questão do ritmo das obras existentes não estar a decorrer conforme seria o esperado devido aos problemas de mão-de-obra que existem”.

Uma situação que acontece mesmo com a vinda para os Açores de muitos trabalhadores estrangeiros e numa altura em que o número de trabalhadores na construção civil açoriana está a rondar os 10 mil e é o mais elevado desde 2012, ou seja, desde a crise financeira que Portugal atravessou, nos tempos da ‘Troika’ e onde o setor da construção foi particularmente afetado.

Contudo, alerta a presidente da AICOPA, “continuamos com mais procura e a mão-de-obra existente no terreno não é o mesmo tipo de mão-de-obra que tínhamos, porque é uma mão-de-obra menos qualificada, é uma mão-de-obra que está muito assente na base de serventes e de pedreiros pouco qualificados e, portanto, o ritmo de produção não é o mesmo”.

Uma situação que não é a ideal quando se começam a contar os meses para o final da execução do PRR. Por isso, alerta Alexandra Bragança, “tem de haver aqui uma especial atenção por parte das empresas no sentido de colaborarem com o cumprimento dos planos de trabalho, para que se consiga cumprir os prazos impostos pelo Plano de Recuperação e Resiliência”, o que irá conduzir a que outras obras se atrasem, “porque também têm prazos para ser cumpridos e torna-se difícil quando não existe mão-de-obra para satisfazer todas as necessidades”.

O que faz com que, neste momento, exista uma “grande pressão” sobre quem tem a responsabilidade de executar as obras, conclui a presidente da AICOPA.

Construção de novas habitações vai continuar a ser lenta
Existe atualmente uma grande pressão social e mesmo política para que sejam construídas mais habitações. Mas conseguirá a construção civil neste momento dar resposta também a esta pressão?

A presidente da AICOPA, Alexandra Bragança, tem dúvidas em que seja possível acelerar ainda mais a construção de novas habitações. Isto porque, “houve alguns concursos que ficaram desertos”, ao mesmo tempo que “é preciso também ter em consideração que, com a reprogramação do PRR, algumas obras que estavam previstas não vão ser efetivamente executadas”, uma vez que já não havia tempo para as executar dentro dos prazos do PRR, tendo essas verbas sido transferidas para medidas que as podiam executar, como é o caso do SOLENERGE e para que os fundos comunitários não se perdessem.


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