Autor: Paula Gouveia
O presidente da Ordem dos Enfermeiros nos Açores considerou ontem que, apesar da “poeira política tóxica” que tem envolvido a Unidade de Oncologia do Hospital Divino Espírito Santo, os profissionais desta unidade continuam a “assegurar cuidados de excelência, salvaguardando a segurança de todos os utentes”.
Após uma visita, ontem, do Conselho Diretivo Regional da Região Autónoma dos Açores da Ordem dos Enfermeiros à Unidade de Oncologia do HDES, Pedro Soares fez questão de garantir à população que a Ordem dos Enfermeiros confia nos cuidados prestados nesta unidade.
Na sequência das notícias que vieram a público sobre a falta de médicos na Oncologia, na sequência de baixas, e o atraso na resposta às consultas de vigilância, o representante dos enfermeiros decidiu perceber junto das equipas de enfermagem quais as suas dificuldades. E, Pedro Soares diz ter saído satisfeito da visita, uma vez que “houve um investimento na equipa de enfermagem - é uma equipa relativamente nova, foi reforçada, e as dotações seguras estão de acordo com o normativo da Ordem”.
“O que nos
preocupa, contudo, é toda esta fumaça criada à volta do serviço que cria
nos profissionais algum desencanto, alguma desmotivação no seu
dia-a-dia”, e “alguma instabilidade no serviço”, sublinha.
“O que nós vemos é um jogo político”, e ao “atirar pedras de um lado para o outro”, “à discussão em praça pública que, se calhar, devia ser feita dentro de quatro paredes, porque o nosso foco tem de ser o utente. E quando vimos para a comunicação social à procura de culpados, em vez de procurarmos soluções, este é um jogo que apenas enfraquece o Sistema Regional de Saúde e que põe em causa, isto sim, a resolução do problema da falta de médicos neste serviço”, sustenta.
Para Pedro Soares, “estas polémicas desestabilizam completamente as equipas, e o HDES é só a última linha da Saúde nos Açores”. Defende por isso que “ou nos organizamos e colocamos o hospital a funcionar na melhor forma, ou corremos o risco de haver algum tipo de colapso, de revés do Sistema Regional de Saúde. Temos de construir e não continuar à procura de poeiras que, muitas vezes, não existem”.
Pedro Soares alerta que “isto só cria nervosismo na nossa população”. Com a visita à Unidade de Oncologia, “quisemos demonstrar que podem estar seguros quanto aos cuidados que são prestados”.
Quanto às centenas de utentes que estão
sem acesso a consultas de vigilância, o responsável considera que esta
questão “tem de ser valorizada”, porque “estes doentes têm necessidade
de terem algum seguimento pós-tratamento”, mas o que é preciso “é
construir uma solução para aumentar os cuidados médicos”.
“Há dificuldades [em contratar médicos], tenho a certeza de que existem, da mesma forma que encontrar mais enfermeiros nesta altura seria praticamente impossível, porque não existem enfermeiros disponíveis”, diz Pedro Soares. Por isso, “temos de compreender é, com o que temos, o que podemos fazer”, para “recuperar o mais rapidamente esta lista de utentes que estão um pouco desamparados”, salientou, acrescentando que foi informado de que estão a ser tomadas medidas, como a vinda de médicos de fora para suprir as dificuldades”.