Açoriano Oriental
Nuvens dos Açores inspiram livro de fotógrafo e cientistas

Escrito por meteorologistas e com fotografias da autoria do artista Alberto Plácido, o livro “Nuvens” mostra a vertente artística e científica das nuvens que são possíveis encontrar nos Açores

Nuvens dos Açores inspiram livro de fotógrafo e cientistas

Autor: Rafael Dutra/Paula Gouveia

A editora micaelense Araucária Edições publicou o livro “Nuvens”, o primeiro da Coleção Azorica, escrito por meteorologistas e com fotografias de Alberto Plácido, cujo objetivo é  mostrar as nuvens nos céus dos Açores, de um ponto de vista visual e científico, fazendo uma junção de arte e ciência.

Blanca Martín-Calero, editora do livro e criadora da Araucária Edições, em entrevista ao Açoriano Oriental, explica que: “A ideia deste livro parte de querer dar a conhecer temas relacionados com os Açores, a partir de uma perspetiva um pouco diferente. Então, as nuvens, como é um fenómeno muito presente no arquipélago - achámos que era um bom tema para começar a Coleção Azorica, uma coleção que quer juntar ciência e arte e criar uma nova abordagem sobre os temas”.

O livro foi criado para tornar acessível, à maior parte das pessoas, conhecimentos de áreas específicas e pouco faladas, sobre cientistas dentro dos seus circuitos de investigação e artistas dentro de galerias e outros circuitos. É, portanto, um diálogo entre dois mundos, uma parte mais científica e outra mais visual, neste caso, relativamente às nuvens.
Embora o tema do livro seja científico, por natureza, Diamantino Henriques, meteorologista do Instituto  Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), explicou ao Açoriano Oriental que o livroé para o “público em geral” e não apenas  para “os entendidos das nuvens, para os meteorologistas e para os técnicos”.

A obra inicia-se com fotografias a preto e branco das nuvens, “numa sequência toda seguida em que nos metemos noutro mundo e depois temos o texto”, diz Blanca. O texto, por si, começa inicialmente com uma abertura poética de Eduardo Brito, seguido de uma reprodução em miniatura das imagens iniciais, completadas com o texto científico e por uma fotografia satélite e carta meteorológica no momento em que a fotografia da nuvem foi tirada, sendo que aí está colocado o nome da nuvem, uma breve descrição da mesma e as circunstâncias meteorológicas em que se formou.

“Nuvens” foi escrito por Diamantino Henriques, Fernanda Carvalho e Patrícia Vicens, meteorologistas do IPMA, e conta ainda com fotografias de Alberto Plácido, ensaio poético de Eduardo Poético, design de José Albergaria, revisão de texto de Sara Ludovico e Clara Távora Vilar e revisão científica de Maria Orgaz.

Segundo Diamantino Henriques, abordar este tema “é muito importante porque as nuvens fazem parte da paisagem dos Açores. Nem sempre estão presentes, mas nos Açores é uma constante. É raro o dia em que não encontramos uma nuvem”.

O meteorologista sublinha ainda que “as nuvens desde sempre foram um objeto de arte e até de admiração. Elas têm razão física de existir e foi por isso que quisemos também explicar a partir das fotografias”.

A experiência de, a partir de fotografias a preto e branco, identificar nuvens e caracterizá-las, foi no entanto, um desafio para o meteorologista. Diamantino Henriques reflete que “mostrar e explicar, do ponto científico, cada nuvem que foi apresentada”foi o “maior desafio”. Contudo, considera que foi uma experiência “engraçada e gratificante”.

“As fotografias a preto e branco introduzem um certo dramatismo e textura. Realçam certas coisas que as fotografias a cores não realçam tanto. Essa foi um pouco a sensação que nós tivemos, em termos de dificuldades”, adianta o meteorologista.

“Nuvens” foi lançado no passado dia 19 de abril, num lugar com alguma importância relativamente  ao tema do próprio livro: “Fizemos na antiga Academia das Artes, a antiga Igreja da Graça, porque foi lá o primeiro posto meteorológico de Ponta Delgada”, conta a editora.

O evento de lançamento do livro, que contou com a presença de “bastante gente”, teve comentários “muito positivos”, sobretudo pela particularidade do livro, caracterizado por estar muito “bem feito e impresso”, com “muitos detalhes de design”, fatores apreciados pelas pessoas que destacaram a “junção da ciência e arte”, refere Blanca.

No horizonte estão previstos, para a editora Araucária Edições, e em específico para a Coleção Azorica, mais projetos dinâmicos que conjugam a arte e ciência e os próprios Açores.

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