Autor: Luís Pedro Silva
Como é
que a agricultura está a viver a crise do coronavírus?
Estamos a viver uma situação atípica, que ninguém esperava. Aproveito para
enviar uma saudação especial a todos os profissionais de saúde que estão na
linha da frente, conjuntamente com as pessoas que estão a trabalhar para ajudar
a resolver os problemas causados por esta pandemia.
O setor agrícola, no atual contexto, é um dos poucos setores que é obrigado a
trabalhar. E no caso da produção de leite, esta não pode parar porque as vacas
têm de ser ordenhadas e alimentadas diariamente, e o trabalho necessário ao
funcionamento das explorações tem de continuar, para que o abastecimento
alimentar seja regular e capaz de satisfazer as necessidades da sociedade.
O agricultor não pode parar para que o seu rendimento seja garantido,
assegurando sempre as condições essenciais de bem-estar animal e de segurança
alimentar.
Foram criados vários planos de contingência nas indústrias de laticínios, tal
como na Associação Agrícola de São Miguel e na Cooperativa União Agrícola, em
que preparámos também equipas de apoio para ajudar a tratar dos animais dos
nossos associados, porque não estamos livre de ter os trabalhadores de uma
exploração em isolamento.
O cerco sanitário em São Miguel provoca algumas dificuldades, mas as
autoridades já perceberam que os agricultores têm de se deslocar para as
explorações agrícolas para trabalhar diariamente, mesmo que seja em concelhos
diferentes. Neste momento, apesar de estarmos a trabalhar, o setor da produção
de leite está a perder rendimento todos os dias, mas é um trabalho que precisa
de ser feito.
Os agricultores têm demonstrado uma grande atitude cívica e convém que as
pessoas não se esquecem do papel fundamental e indispensável da agricultura na
nossa sociedade, porque produz alimentos para a população.
Apesar da importância que registamos no funcionamento da comunidade, também
vamos ser afetados por esta crise, que será transversal a todos os setores.
Todas as pessoas referem que isto é um tsunami, mas ainda não sabemos a sua
dimensão e duração.
Leia a entrevista na íntegra a Jorge Rita na edição impressa do jornal Açoriano Oriental de sábado, 11 de abril de 2020