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Moedas quer rever Plano Diretor de Lisboa para impedir impermeabilização de partes da cidade

O presidente da Câmara de Lisboa afirmou que não há “solução milagre” para resolver as cheias, reforçando a importância dos túneis de drenagem, e defendeu a revisão do Plano Diretor Municipal, para impedir impermeabilização de partes da cidade.

Moedas quer rever Plano Diretor de Lisboa para impedir impermeabilização de partes da cidade

Autor: Lusa/AO Online

“Não temos aqui nenhuma solução milagre, de um dia para o outro. Gostava de ter, mas não tenho, não há uma solução milagre. Agora, há uma solução e essa solução já devia ter sido feita há muitos anos. Não foi, vamos fazê-la agora”, declarou Carlos Moedas, referindo-se ao Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL).

As obras do PGDL arrancaram em setembro de 2022, na zona de Campolide, onde se prevê que em março deste ano se inicie a construção do túnel de drenagem que irá até Santa Apolónia, com uma extensão de cerca de cinco quilómetros.

“Falo muito dos túneis de drenagem, um entre Campolide e Santa Apolónia e outro entre Chelas e Beato, mas nós estamos, por exemplo, a realizar um coletor de dois metros de diâmetro em Sete Rios, neste momento, que faz parte do plano”, apontou o autarca, referindo que, tal como o nome indica, Sete Rios “é uma zona de grande perigo” ao nível da ocorrência de inundações.

O PGDL prevê “muitos túneis”, indicou ainda o presidente da câmara, referindo que o túnel de Sete Rios vai levar as águas, depois, para o túnel grande que será construído.

“Tudo isto é um sistema que está a ser construído na cidade, que será o maior sistema de drenagem, único, diria até na Europa, em relação àquilo que vamos ter: uma cidade totalmente preparada. E, muitas vezes, falámos nas alterações climáticas e na dificuldade que vamos ter no futuro, mas, depois, é preciso ter coragem para fazer estas obras, obras profundas e estruturais”, afirmou Carlos Moedas.

Neste âmbito, o autarca assegurou que “Lisboa, até 2025, vai ficar preparada para o futuro como poucas cidades estão neste momento”.

Uma das preocupações tem que ver com o Plano Diretor Municipal, porque permite “construção em zonas que deveriam estar impermeabilizadas”, indicou o social-democrata, assegurando que irá ter “o maior cuidado para que isso não aconteça”.

“Estamos a olhar para o futuro e a preparar a cidade, em todos os seus aspetos. De não continuar a impermeabilizar partes da cidade, que hoje muitas delas são autorizadas até pelo próprio Plano Diretor Municipal […]. Fazer a revisão desse Plano Diretor Municipal, mas em minoria na câmara também não é fácil, mas vamos tratar e vamos conseguir”, apontou.

Considerando que a resolução do problema das cheias “tem muitas facetas”, assim como o combate às alterações climáticas, Carlos Moedas realçou a construção de um reservatório 17.000 metros cúbicos de água em Campolide, “para aproveitar as águas das chuvas, para poder, por exemplo, lavar as ruas e regar os jardins, em vez de estar a gastar água potável”.

“Tudo isto é um grande sistema de luta climática, em que muitas vezes se fala, e muitos políticos falam à boca cheia sobre as alterações climáticas, eu falo como engenheiro hidráulico”, frisou o autarca, ex-comissário europeu para a Investigação, Inovação e Ciência, referindo que se trata de “obras que são invisíveis às pessoas, mas são cruciais”.

Sem se comprometer com datas para a conclusão da construção dos dois túneis de drenagem, porque pode existir “atrasos de obra”, Carlos Moedas comprometeu-se a visitar os estaleiros e contactar com os engenheiros “pelo menos uma vez por mês”, para acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos.

“Temos de estar com as mãos na massa e estar com as mãos na massa é estar todos os meses a ver onde é que está a obra para não só empurrar, para pôr pressão, mas também animar as equipas, porque são trabalhos muito duros e há muitas empresas envolvidas”, acrescentou.

As inundações registadas em dezembro na cidade de Lisboa, que provocaram 49 milhões de euros de prejuízos, voltaram a trazer ao de cima a importância da concretização do plano de drenagem, com Carlos Moedas a prometer a construção dos dois túneis até 2025 (orçados em cerca de 130 milhões de euros), considerando que, se a empreitada já tivesse feita, as situações de cheias registadas não teriam acontecido.


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