Autor: Susete Rodrigues/AO Online
O Teatro Micaelense, em Ponta Delgada, acolhe hoje, pelas 21h30, um
recital de canto, piano e violoncelo, com Sandra Medeiros, Francisco
Sassetti e Rogério Medeiros.
O trio vai apresentar as 'Modinhas
Luso-Brasileiras do séc. XIX - Canção Sentimental', no âmbito do
programa 'Garantir Cultura', que conta com o apoio do Ministério da
Cultura.
'Modinha' é uma canção “lírica originária da segunda metade
do século XVIII, com descendência direta da 'Moda' portuguesa (uma
canção popular) e é uma canção singela e de duração reduzida, composta
para uma voz”, afirma a soprano Sandra Medeiros, que explica que “a sua
origem seria para guitarra ou teclado, mas temos adaptado para piano e
violoncelo”.
A soprano diz ainda que a 'Modinha' tem influências brasileiras (surgiu na altura do Brasil Colonial), tem influências de Portugal e também de África. “Há historiadores que defendem que a 'Modinha' poderá estar na origem do Fado. Portanto, é uma música que nos diz muito da nossa cultura”.
A temática da 'Modinha' é à volta
do amor, “um amor de várias formas como os desgostos de amor, a saudade e
os cuidados em torno da pessoa amada”, adianta a artista.
Sandra
Medeiros conta que conhece este repertório “há várias décadas e tive a
possibilidade de gravar para uma editora inglesa, a Hyperion, 'Modinhas
do Século XVIII', com um grupo de Londres, os 'L’Avventura London' , em
2013”.
Nesse mesmo ano, a soprano micaelense recebeu um convite do Centro Cultural de Belém (CCB) para fazer um agrupamento mais pequeno e “desafiei o Francisco Sassetti - com quem já trabalho há quase 20 anos - e o meu irmão Rogério Medeiros, para fazer a adaptação para canto, violoncelo e piano, então apresentamos 'As Modinhas luso-brasileiras' no CCB”.
A pandemia foi “um tempo desafiante para os artistas porque
ficamos impossibilitados de atuar e, no meu caso, a minha vida é estar
no palco e comunicar com os outros, estar privada disso foi uma situação
difícil”, afirmou Sandra Medeiros para acrescentar que “felizmente
tive algumas oportunidades de trabalho em live streaming, mas atuar sem
público é muito estranho.Ainda assim existiu esta oportunidade”.
“Foi
na altura de confinamento que o Ministério da Cultura lançou um
programa 'Garantir Cultura', em que mostrámos o nosso projeto, eles
gostaram e estão a apoiar-nos”, afirma Sandra Medeiros sublinhando que
“desde logo tivemos a ideia de levar este projeto aos Açores”.
Desta forma, para além da atuação esta noite, no Teatro Micaelense, o trio vai também apresentar o recital amanhã, no Teatro Angrense, na ilha Terceira.
Em 2014, “estivemos nos Açores integrados nas comemorações dos 50 anos do Conservatório Regional de Ponta Delgada e apresentámos este projeto, não na sua totalidade e com algumas alterações, numa versão de quarteto, em que se juntou a minha irmã Lídia Medeiros”, recorda a artista.
Questionada sobre como é atuar nos Açores, Sandra Medeiros refere que “é sempre um prazer voltar à nossa terra”, sendo “uma responsabilidade acrescida porque vamos atuar para as pessoas que são nossas conhecidas, que nos são próximas, mas é sempre bom voltar a casa. Aliás, vou regularmente aos Açores em concertos, não só na formação de música de câmara, como no caso do recital, mas também para colaborar com o Coral de São José, em outras versões”.
Sobre as
expectativas que o trio tem para o recital quer em São Miguel, quer na
Terceira, a soprano adianta que “gostaríamos que o público aderisse”,
porque “de certeza que é um programa que vai ser do agrado de todos,
dado que vão identificar-se e reconhecer a ligação que existe com a
serenata e com o Fado porque tem muito a ver com a música popular e a
música portuguesa. Acho que seria muito bom as pessoas estarem
connosco”.