Autor: Lusa/AO Online
“É mais urgente que nunca um diálogo significativo entre todas as partes iraquianas. Os recentes acontecimentos demonstraram o risco de uma rápida escalada num clima político tenso”, advertiu em comunicado a missão de assistência da ONU para o Iraque (UNAMI).
“Apelamos a todos os atores (…) que cheguem a acordo de imediato sobre as soluções”, acrescentou a UNAMI.
A crise política interna agravou-se no sábado, com a ocupação do parlamento pelos apoiantes do líder xiita Moqtada Sadr, em protesto contra a candidatura de um novo chefe de Governo proposto pelas facções rivais pró-Irão.
Centenas de partidários de Sadr continuavam a ocupar o parlamento, indicou a agência noticiosa AFP.
Na quarta-feira, a corrente “sadrista” apelou aos apoiantes para se retirarem do hemiciclo e de uma outra grande sala do parlamento, sugerindo que até sexta-feira acampassem frente ao edifício e nos jardins circundantes.
Numa tentativa para ultrapassar a crise, o primeiro-ministro Mustafa al-Kazimi, que gere os assuntos correntes, propôs um “diálogo nacional”.
A situação política no Iraque encontra-se num impasse desde outubro de 2021. Vários meses de contactos e discussões não permitiram e eleição de um novo Presidente da República e de um primeiro-ministro.
“O Iraque não pode permitir o envolvimento num diálogo sem soluções”, sublinhou a UNAMI. “O Iraque está confrontado com uma longa lista de problemas internos: necessita desesperadamente de uma reforma económica, de serviços públicos eficazes, e de um orçamento federal”, prosseguiu a missão da ONU.
Na ausência de um novo Governo, o Iraque – que garante 90% das receitas através da exportação de petróleo – ainda não aprovou o orçamento para 2022.
O Governo está actualmente limitado às disposições do orçamento 2021 – estabelecido sobre um preço do barril de crude muito inferior ao fixado actualmente no mercado –, e que implicam importantes restrições nas despesas públicas.
Para enfrentar as necessidades mais urgentes, o parlamento votou em junho uma lei de financiamento de urgência. Esta legislação inclui a compra de energia no exterior, e ainda de cereais para garantir a “segurança alimentar” do país.