Açoriano Oriental
Milhares de pessoas continuam a prestar o último tributo a Mandela
Milhares de pessoas continuam a despedir-se de Nelson Mandela, o antigo presidente sul-africano falecido há oito dias e cujo corpo está, desde quarta-feira, em câmara ardente, em Pretória.
Milhares de pessoas continuam a prestar o último tributo a Mandela

Autor: Lusa/AO online

Depois dos tributos prestados por líderes mundiais, por dirigentes do país e pela sua família, Nelson Mandela é agora evocado por pessoas anónimas que fazem enormes filas para conseguirem estar, por breves momentos, junto do seu caixão.

A urna de Mandela, que, até sexta-feira estará em exposição no Union Buildings, a sede do Governo sul-africano, foi colocada dentro de uma grande estrutura em forma de cubo, especialmente concebida, à qual se acede apenas em autocarros especiais.

Está rigorosamente proibida a entrada no recinto com telemóveis, máquinas fotográficas e câmaras de filmar e apenas é permitida uma visita por pessoa, face ao previsto grande número de visitantes.

Na quarta-feira, quando às 12:00 (10:00, em Lisboa) o cubo abriu aos visitantes anónimos, Sabo Balui já levava três horas e meia na bicha para o autocarro, que dava a volta ao quarteirão, na Hamilton street, no sopé da colina onde, no alto, estão os Union Buildings, que foi um dos símbolos do "apartheid", mas onde, em 1994, Nelson Mandela tomou posse como primeiro Presidente negro do país.

"Quero vê-lo, porque é um homem de poder, de visão e de palavras", disse à Lusa o jovem Balui, envergando uma camisa dos "Springboks", a seleção sul-africana de râguebi, outrora com uma imagem fortemente associada ao "apartheid" e que Mandela se empenhou em reabilitar.

Com o mesmo tempo de espera na ‘bicha’, sob o sol escaldante do meio-dia, Adeline Joyce disse querer "honrar a memória de Madiba", não se importando com o tempo que isso iria levar.

Duas alemãs, Iris e Hella, estavam apenas ali há 10 minutos, mas já tinham atrás de si um grande mar de gente.

"Vamos esperar o que for preciso para ver Nelson Mandela", disse Íris, acrescentando: "É um daqueles momentos que não se podem perder".

À sua frente, Phylistas, acompanhada pelo filho de oito anos, concordou com a alemã e disse querer "partilhar aquele momento com milhões de sul-africanos que devem tanto" a Mandela.

O ambiente era descontraído, de festa e de confraternização entre os polícias que orientavam o movimento e a multidão que esperava pela sua vez para entrarem nos autocarros.

E não podia ser maior o contraste entre o mar colorido de pessoas e o estilo pesado e sorumbático dos Union Buldings, uma imensa construção em estilo neoclássico, envolvendo a estátua equestre de Louis Botha, o general afrikaner que foi o primeiro primeiro-ministro da União da África do Sul, que antecedeu a atual África do Sul, entre 1907 e 1919.

Até sexta-feira, o corpo de Mandela faz todos os dias a viagem de ida e volta entre a morgue do Hospital Militar e os Union Buildings, num percurso de nove quilómetros, aproveitado por muita gente para, nos passeios, saudar o histórico líder do Congresso Nacional Africano (ANC, sigla em inglês), que combateu, com êxito, o regime segregacionista de minoria branca.

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