Açoriano Oriental
Mário George Cabral e Mia Tomé homenageiam Natália em disco

Com música de Mário George Cabral e voz de Mia Tomé, o Projeto Natália reúne em disco poemas da escritora açoriana, no ano do centenário do seu nascimento. Com influências variadas, o compromisso foi sempre com os poemas de Natália Correia

Mário George Cabral e Mia Tomé homenageiam Natália em disco

Autor: Rui Jorge Cabral

Chama-se Projeto Natália e como o nome indica, pretende homenagear a escritora açoriana Natália Correia, no ano em que se assinala o centenário do seu nascimento.

O Projeto Natália começou com uma conversa num jantar entre o músico açoriano, Mário George Cabral e a atriz continental Mia Tomé e, aos poucos, foi ganhando forma através da composição musical sobre poemas escolhidos de Natália Correia.

Recorrendo a vários convidados com carreiras reconhecidas para a voz e instrumentação como João Cabral, Patrícia Antunes, Ricardo Parreira, Nelson Aleixo, Francisco Gaspar, Margarida Almeida e Filipa Martins (biógrafa da escritora açoriana, que escreveu o texto de apresentação do disco), o Projeto Natália concretizou-se na gravação de um disco já lançado em vinil e disponível nas plataformas digitais. O Projeto Natália foi também já apresentado em concerto no passado dia 11 de março no Centro Natália Correia, na Fajã de Baixo, terra natal da escritora.

Em declarações ao Açoriano Oriental, Mia Tomé recorda o jantar em que nasceu o Projeto Natália, com base numa melodia já composta por Mário George Cabral, a que a Mia Tomé aceitou dar a sua voz com o recurso a poemas de Natália Correia. “Eu já conhecia a obra de Natália Correia, pensei no ‘Cântico do País Emerso’ e mostrei-o ao Mário, que achou ótimo ser esse o poema que deu origem ao single que saiu em 2020”, recorda Mia Tomé.

A pandemia de Covid-19 interrompeu durante algum tempo este trabalho, que já na sua origem pretendia evoluir de uma simples canção para um álbum de homenagem a Natália Correia, a lançar no ano do centenário do seu nascimento.

Os apoios da Câmara Municipal de Ponta Delgada a este projeto, bem como da Fundação GDA - Gestão dos Direitos dos Artistas, permitiram que as gravações se fossem sucedendo entre os Açores e Lisboa, tal como a vida de Natália Correia se desenvolveu.

Musicar os poemas de Natália, mergulhados muitas vezes na profundidade linguística e do sentido, não foi uma tarefa fácil, conforme reconhecem os autores do Projeto Natália.
Conforme recorda Mário George Cabral, “tentámos ir pelos caminhos mais inusitados”, o que se manifestou numas canções pela simples orquestração ambiental que não se sobrepõe à declamação do texto; noutras canções através da guitarra portuguesa e da sonoridade do fado e noutras canções ainda através de uma estética mais Pop, com o recurso a uma sonoridade eletrónica. “No fundo, tentámos arranjar ferramentas e formas de chegar aos textos de Natália, em vez de irmos apenas atrás dos textos que pudessem ser mais fáceis de musicar.  O compromisso maior foi sempre com os poemas e com a elevação das palavras de Natália Correia”, explica Mário George Cabral.

Por seu lado e para Mia Tomé, homenagear Natália Correia com este disco, é “homenagear    uma das figuras portuguesas mais importantes e cujas ações continuam a ecoar ainda nos dias de hoje”, nomeadamente “os caminhos que ela abriu para as mulheres” num tempo, o do Estado Novo, que reservava um papel secundário às mulheres na vida cultural, social e política do país.

Depois de Ponta Delgada, o Projeto Natália terá um novo lançamento em Lisboa, no dia 6 de abril, na loja FNAC do Chiado, onde aliás o disco também será vendido.

No dia 25 de Abril, o Projeto Natália voltará ao palco do Centro Natália Correia, na Fajã de Baixo, integrado nas comemorações do Dia da Liberdade.

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