Autor: Lusa/AO Online
Os dados são do Consórcio
Português de Dados Obstétricos (CPDO), que congrega 13 serviços de
obstetrícia e ginecologia dos maiores hospitais portugueses, e mostram
também que o índice de massa corporal médio das grávidas está acima do
peso normal (25,2), que cerca de 3.000 mulheres que deram à luz nos
últimos 12 meses sofriam de obesidade (IMC maior do que 30) e mais de
7.500 tinham IMC superior a 25 (pré-obesidade). “Durante
a pandemia houve dúvidas sobre se estava a haver mais ou menos
nascimentos, ou mais grávidas com diabetes, e não tínhamos esses dados.
Aqui temos dados que não são exatamente do dia, mas no final do mês já
conseguimos ter essa visão”, explicou à agência Lusa Diogo Ayres de
Campos, diretor do serviço de obstetrícia do Centro Hospital de Lisboa
Norte. Segundo disse, com esta iniciativa
será possível ter acesso a dados que, além de mais atuais – o INE só os
divulga no ano seguinte – são mais pormenorizados e rigorosos. Ayres
de Campos, que pertence à Comissão Científica Instaladora do CPDO,
explicou ainda que o programa de registos clínicos (Obscare) usado pelos
hospitais que integram o consórcio foi criado em 2002, no Hospital de
São João, e foi-se estendendo pelo país. “Neste
momento, a grande maioria dos hospitais universitários já o têm e
muitos hospitais não universitários também”, acrescentou o especialista,
sublinhando que “como os registos do que se passa na gravidez são
feitos neste programa ele acaba por agregar muitos dados”. Além
de ajudar a ver a realidade de forma mais pormenorizada, atual e
rigorosa, este projeto pretende ainda ajudar a promover a investigação
multicêntrica nacional. Entre os membros do
consórcio contam-se os serviços de obstetrícia do Centro Hospitalar
Universitário São João, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra,
Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte e Centro Hospitalar
Universitário Lisboa Central e os de obstetrícia/ginecologia do Centro
Hospitalar do Baixo Vouga, Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, Centro
Hospital Vila Nova de Gaia/Espinho e do Centro Hospitalar de
Trás-os-Montes e Alto Douro, entre outros. De
acordo com os dados hoje divulgados, nos últimos 12 meses nasceram mais
de 21.300 bebés (1.804 este mês), 11.788 dos quais foram amamentados na
primeira hora de vida (55,3%) e 12.554 (58,5%) tiveram contacto
pele-a-pele de imediato. Do total de nascimentos, foram registados neste
programa 1.887 bebés pré-termo (antes das 37 semanas de gestação). A
idade média das grávidas no último ano foi de 31,3 anos (31,5 no mês
passado) e, nos últimos 12 meses, houve mais de 100 mulheres acima dos
45 anos a serem mães (10 casos em junho) e mais de 1.500 acima dos 40
anos. Quanto aos
antecedentes/comorbilidades das grávidas, os dados mostram que quase
2.000 grávidas eram fumadoras, mais de 200 reportaram casos de
alcoolismo recente e 31 de toxicodependência recente. Revelam
ainda que, dos 21.324 nascimentos no último ano (1.804 em junho),
21.301 ocorreram no hospital, 30 no domicílio (três em junho) e 15 em
transporte pré-hospitalar. No último ano,
14.428 dos partos foram vaginais (taxa de episiotomias de 39,6) e 6.503
por cesariana (taxa global de 31,07). Foram ainda registados 860 partos
vaginais após cesariana. Os dados
disponibilizados pelo Consórcio Português de Dados Obstétricos podem ser
consultados no endereço https://cpdo.virtualcare.pt/ SO // SB Lusa/Fim