Autor: Lusa/AO On line
Darwin, que se notabilizou pela sua teoria da evolução através da selecção natural, está "mais vivo do que nunca", afirmam diversos cientistas.
Essa é a convicção do biólogo Henrique Teotónio, para quem o naturalista inglês, nascido a 12 de Fevereiro de 1809, foi "uma das pessoas mais importantes na humanidade".
"Devemos-lhe a compreensão de como é que estamos no mundo e como é que os organismos se relacionam entre si", disse à Lusa o investigador, poucos dias antes do 200.º aniversário do nascimento de Darwin.
Para Carlos Fiolhais, professor de Física e director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, "a herança de Darwin tem rendido juros, que se têm acumulado neste século e meio, e continua a render".
Na sua perspectiva, "a teoria da evolução é uma grande teoria unificadora na Biologia, que permite explicar de uma maneira bastante simples a variedade e complexidade do mundo vivo".
"O que o sábio inglês disse foi que pequenas causas fazem, ao longo de muitos e muitos anos, grandes efeitos", acrescentou, em declarações à Lusa em Fevereiro passado. "Foi assim que a partir de organismos primitivos chegámos à riqueza do mundo vivo actual".
Para discutir a importância de Darwin e o reflexo que tem na actualidade, o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra (MCUC) promove hoje uma mesa redonda para um conversa com um filósofo, uma historiadora da ciência, um editor, um antropólogo e dois biólogos.
"Há uma série de reflexos que importa analisar: por que razão existe uma resistência tão grande, nalgumas partes do globo, em aceitar a teoria, quando há milhares de provas e evidências científicas que a sustentam", disse hoje à Lusa o director do Museu, Paulo Gama Mota, biólogo de formação.
Paulo Gama Mota afirma que quem põe em causa a teoria de Darwin são "movimentos com carácter religioso por detrás ou credos mais dogmáticos, com uma visão muito literalista dos escritos bíblicos".
"Fazem uma leitura literalista de que a espécie foi criada há seis mil anos, em sete dias, que existia um criador que interveio directamente e fez as coisas todas", criticou o biólogo, sublinhando que o próprio Papa João Paulo II reconheceu a evolução das espécies".
O biólogo da Universidade de Coimbra defende que mesmo que a teoria de Darwin venha a ser superada por outra, mais abrangente ou explicativa - o que considera muito difícil - "não porá em causa o princípio da evolução, que está para além da teoria".
"O princípio da evolução é um facto a que assistimos todos os dias, basta pensarmos na evolução das bactérias, da sua resistência, aos antibióticos ou na recente notícia de uma variante do vírus H1N1 resistente ao Tamiflu", observou.
A teoria da evolução de Darwin "naturaliza o Homem, alterou a nossa visão da natureza, provocou uma extraordinária revolução científica", disse o director do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, sublinhando que o livro "A Origem das espécies" foi um best seller e que esgotou no primeiro dia.