Autor: Lusa/AO Online
“O Governo e o PS têm que parar com o seu inebriamento com a maioria absoluta e perceber que a única maneira de um Governo de maioria absoluta ser respeitado nos tempos que correm é governar como se não tivessem maioria absoluta”, defendeu.
Em declarações à Lusa, o deputado único do partido na Assembleia da República, Rui Tavares, classificou ainda a moção de censura ao Governo anunciada hoje pela Iniciativa Liberal como “um mero gesto político inconsequente”.
“É natural que isto aconteça, mas verdadeiramente significa estar à altura do acontecimento dizer que as pessoas devem ir votar quando ainda não passou um ano desde que votaram? E sem ter uma alternativa para propor? A IL quer a queda do Governo e quer governar com quem?”, questionou Rui Tavares.
Para o deputado e historiador, “uma moção de censura é um instrumento sério para ser utilizado de forma séria e implica ter uma alternativa de governação”.
“Portanto, a IL quer ir para o Governo com o PS? A IL quer fazer um Governo com que maioria? Quer ir para eleições e se for, com as sondagens que temos à nossa frente, a IL quer fazer parte de um Governo em que vai estar abaixo do Chega na hierarquia? Portanto, é um mero gesto político inconsequente”, defendeu.
Na opinião do dirigente do Livre, “ou um partido tem noção quando for defender a sua moção de censura no hemiciclo do caminho que quer propor ao país” ou então “a moção de censura é uma mera figura de estilo e uma mera figura de retórica”.
“Mas isso aí, infelizmente, é aquilo a que a IL nos tem habituado e ainda agora num quadro de disputa interna de liderança tentam sempre aparecer a fazer coisas, mesmo que essas coisas não tenham sido bem refletidas”, atirou.
Quanto à saída do ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, e à atual crise no Governo, o deputado único considera que “2023 vai ter que ser mesmo um ‘ano novo, vida nova’ em termos de exigência, em termos de transparência, diálogo e abertura com outras forças partidárias e em termos de modernização de procedimentos políticos”.
Quanto a este último ponto, o deputado insistiu numa proposta que consta do programa político do Livre de ouvir os governantes em audições no parlamento antes de tomarem posse, à semelhança do que acontece “com os comissários europeus e o parlamento europeu” mas não só.
“Como é possível que não haja em Portugal um sistema que passa por um simples questionário a qualquer novo governante em que seja perguntado se tem ou teve litígios com o Estado, ou com empresas públicas, se recebeu indemnizações ou se tem a receber indemnizações, se acumulava fontes de rendimento e quais, que é uma coisa que em qualquer lugar se faz”, questionou.
No plano da governação, continuou, “é preciso que, se o primeiro-ministro diz que este mandato é para quatro anos, então que de facto ele assuma um diálogo com o próprio país no quadro desse mandato e que seja visto a fazer coordenação política de uma forma muito mais eficaz e atempada, prevenindo problemas e não indo só depois reagir quando os problemas já se avolumaram”.