Açoriano Oriental
Investigadores de Coimbra desenvolveram sistema de monitorização de cardíaca inovador
Um grupo de 10 investigadores da Universidade de Coimbra desenvolveu uma tecnologia para a terceira geração de sistemas de monitorização remota de doentes cardíacos, cujos testes em pacientes revelaram resultados "muito promissores", anunciou a instituição.

Autor: Lusa/AO online

O investigador Paulo de Carvalho explicou à agência Lusa que a tecnologia desenvolvida permite "diariamente ao médico controlar a atividade do coração e das artérias e detetar disfunções cardíacas e ajustar a medicação do seu paciente, sem que este chegue ao hospital".

"Atualmente, a medição do débito cardíaco só está disponível em ambiente hospitalar", referiu o professor, um dos coordenadores do projeto, salientando que o sistema irá permitir um "ajuste personalizado" de medicação mais eficaz do que se verifica nos dias de hoje.

Designado por "HeartCycle", o protótipo foi desenvolvido ao longo dos últimos quatro anos pela Faculdade de Ciências e Tecnologia, no âmbito de um projeto europeu coordenado pela Philips - líder em equipamentos para cuidados de saúde - com um orçamento global de cerca de 22 milhões de euros.

O projeto contou com a participação de 17 parceiros, incluindo empresas de topo mundial na área das comunicações, hospitais e universidades.

O equipamento, materializado numa camisola, é constituído por um conjunto de sensores têxteis para recolher o eletrocardiograma e o cardiograma de impedância, sensores com dois microfones que permitem realizar a auscultação do coração e determinar todos os eventos que ocorrem no órgão e por um dispositivo eletrónico que recolhe toda a informação.

Com base neste sistema, os médicos determinam o débito cardíaco (quantidade de sangue que o coração consegue bombear por minuto) e a resistência periférica (a resistência que as artérias fazem à circulação do sangue), dois parâmetros considerados fundamentais em cardiologia.

O sistema, segundo Paulo de Carvalho, foi testado em 38 pacientes com insuficiência cardíaca no Hospital dos Covões, que integra o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, com resultados "muito promissores".

O protótipo incorporando a nova tecnologia está ainda "numa fase pré-industrial", mas de acordo com o investigador da Universidade de Coimbra poderá vir a ser comercializado dentro de "quatro a oito anos, dependentemente da empresa Philips", que gere o consórcio".

A doença cardiovascular é a principal causa de morte na Europa (mais de 1,9 milhões de vítimas anualmente), causando despesas de saúde diretas no valor de 105 mil milhões de euros, pelo que a utilização deste sistema implicará a passagem da "política reativa para uma política preventiva, de forma a evitar tratamentos agressivos e internamentos prolongados dos doentes e que geram grandes custos económicos e sociais".

Além dos testes já realizados no Hospital dos Covões, o protótipo HeartCycle, com duas patentes internacionais em fase de submissão, está presentemente a desenvolver dois estudos clínicos independentes nos Hospitais de Madrid e de Hull (Grã-Bretanha).

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