Autor: Lusa/AO Online
"Com base no que pudemos analisar, a IDF (soldados israelitas) estava na posição mais próxima e tinha a linha de visão mais clara para Abu Akleh", disse Giancarlo Fiorella, o principal investigador do Bellingcat neste caso.
Na quarta-feira, a jornalista Abu Akleh, que trabalhava para o canal de televisão pan-árabe do Qatar, foi morta com um tiro na cabeça enquanto cobria o conflito entre forças israelitas e palestinianas no campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia, território palestiniano ocupado por Israel desde 1967.
A repórter da Al Jazeera estava vestida com um colete e um capacete que a identificavam como jornalista.
Este fim de semana, o Bellingcat publicou uma análise forense de vídeos e de áudio recolhidos nas redes sociais e de material proveniente de fontes militares palestinianas e israelitas, adianta a agência Associated Press.
O consórcio Bellingcat está entre um número crescente de organizações independentes que usam informações de ‘open source’, como vídeos e fotografias de redes sociais, gravações de câmaras de segurança e imagens de satélite, para reconstruir eventos.
Giancarlo Fiorella reconheceu que a análise pode não ser 100% certa, mas salientou que o aparecimento de provas adicionais normalmente reforça as conclusões preliminares dos investigadores.
"Isto é o que fazemos quando não temos acesso a essas coisas", disse.
Vários grupos independentes têm lançado as suas próprias investigações sobre a morte da jornalista conhecida em todo o mundo árabe por documentar as dificuldades da vida palestiniana sob o domínio israelita.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, anunciou hoje ter falado com a família de Abu Akleh para expressar condolências e respeito pelo seu trabalho, "bem como a necessidade de ter uma investigação imediata e credível" sobre a sua morte.
Jonathan Conricus, um antigo porta-voz militar israelita e perito em assuntos militares, considerou que reconstruir um tiroteio em zonas urbanas densamente povoadas é "muito complexo", adiantando que as provas forenses, como a bala, são cruciais para chegar a conclusões.
"Sem a bala, qualquer investigação só será capaz de chegar a conclusões parciais e questionáveis", disse Conricus.
Na sexta-feira, quando o cortejo fúnebre saía do hospital St. Joseph, em Jerusalém Oriental, o setor palestiniano da cidade também ocupada por Israel, a polícia invadiu o complexo e tentou dispersar a multidão, que brandia bandeiras palestinianas.
O caixão com o corpo de Akleh quase caiu das mãos dos homens que o transportavam, quando foram atingidos por polícias armados com cassetetes, segundo imagens divulgadas pela televisão.