Covid-19

Inverno “decisivo” para perceber comportamento da doença

A Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) afirmou que o próximo inverno será “decisivo” para perceber o comportamento da covid-19, mas considerou que nova norma da Direção-Geral da Saúde “está no caminho certo”.



“Eu diria que a norma, na generalidade, está no caminho certo” ao transformar a covid-19 numa doença sazonal habitual, adiantou à agência Lusa o presidente da ANMSP.

Segundo Gustavo Tato Borges, a norma da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a abordagem das pessoas com suspeita ou confirmação de covid-19, publicada na segunda-feira e que revogou 11 normas anteriores, “transfere para o papel as decisões tomadas pelo Governo”, no âmbito do fim da situação de alerta a 01 de outubro.

O médico salientou que a norma assenta, porém, “num pressuposto que não é muito prudente”, alegando que este será o primeiro inverno de transição para se perceber como a “covid-19 se comporta”, numa altura mais propícia à propagação de vírus respiratórios.

“Teria sido um pouco mais prudente termos tido a manutenção de algumas medidas, caso do isolamento das pessoas positivas durante cinco dias com a baixa correspondente e os testes gratuitos”, defendeu o presidente da ANMSP.

“Nesta fase ainda de alguma incerteza”, o Governo assumiu o risco de levantar estas medidas, disse Tato Borges, reconhecendo que, até ao momento, não se verificaram consequências negativas, porque os internamentos e os óbitos estão dentro do esperado para esta altura do ano.

O médico salientou ainda que uma “falha” da norma da DGS é "não haver uma recomendação sobre a ventilação dos espaços interiores” para a população em geral, alegando a necessidade de “cada vez mais batalhar por uma linha de referência da qualidade do ar interior”.

Gustavo Tato Borges defendeu também a possibilidade de os cidadãos terem acesso aos certificados de incapacidade temporária de “forma mais fácil e mais automatizada para minimizar a exigência de consultas apenas para terem uma baixa para justificar as suas faltas”.

Segundo disse, este assunto terá de ser repensado a nível central, não apenas para a covid-19, mas também para outras doenças infecciosas, no sentido de “facilitar às pessoas documentos para regularizarem o seu absentismo por motivos de doença”.

A nova norma da DGS indica, entre outros pontos, que os testes ao coronavírus SARS-CoV-2 deixam de ser recomendados a pessoas sem sintomas de infeção e os doentes internados com covid-19 passam a poder receber visitas.

A autoridade de saúde justificou a norma com a elevada cobertura vacinal da população e a evolução epidemiológica favorável, que permitem “progredir para um modelo de resposta focado na prevenção e no tratamento da doença grave, atento ao padrão de circulação e ao aparecimento de novas variantes de SARS-CoV-2”.

Quanto aos lares de idosos e estruturas similares, durante o período da infeção, as visitas aos doentes com covid-19 devem ser asseguradas, desde que garantido o cumprimento do plano de contingência, incluindo utilização adequada de equipamento de proteção individual.

A autoridade de saúde adiantou ainda que, perante as altas taxas de vacinação em Portugal, a maioria dos casos de covid-19 apresenta uma gravidade ligeira, uma duração autolimitada e requer apenas tratamento sintomático.

PUB

Premium

A funcionar desde outubro, a Unidade de Hospitalização Domiciliária do Hospital do Divino Espírito Santo já internou 18 doentes em casa, oferecendo cuidados de nível hospitalar no domicílio, com uma equipa multidisciplinar dedicada, menor risco de infeções e quedas, maior conforto para o doente e melhor gestão das camas hospitalares