Açoriano Oriental
Guerra na Ucrânia e crise inflacionista obrigam Governo e bancos centrais a agir

Os primeiros alarmes já tinham soado, mas 2022 veio confirmar que os anos de inflação baixa ficaram para trás, obrigando bancos centrais e governos a agir, entre os quais o português, adotando pacotes de apoios para famílias e empresas.

Guerra na Ucrânia e crise inflacionista obrigam Governo e bancos centrais a agir

Autor: Lusa /AO Online

A invasão russa à Ucrânia, no final de fevereiro, provocou choques à escala mundial, gerando uma crise energética e inflacionista.

Ainda assim, o crescimento económico em Portugal ao longo do ano fixou-se acima do esperado e o Governo espera mesmo que o país chegue ao final de 2022 com um nível de atividade acima do registado antes da pandemia de covid-19.

Na proposta do Orçamento do Estado para 2022, entregue em abril no parlamento, o Governo previa um crescimento económico de 4,9% este ano, mas o bom desempenho da economia levou a uma revisão em alta em outubro.

Assim, no Orçamento do Estado para 2023, o executivo já estimava uma expansão do PIB de 6,5% este ano, mas o primeiro-ministro disse acreditar que chegue a 6,7%.

Se o crescimento da economia em Portugal deu sinais de resistência, também o aumento dos preços se revelou mais persistente do que o inicialmente esperado, à semelhança do resto da Europa e Estados Unidos, levando várias vezes os responsáveis económicos a rever a previsão de que a inflação já teria atingido o seu pico.

Pela primeira vez em 11 anos, em julho, o Banco Central Europeu (BCE) subiu as taxas de juro, dando inicio a uma série de mais três aumentos que no final do ano totalizaram 250 pontos base, colocando fim ao ciclo de política expansionista e ao dinheiro barato, que terá impacto nas prestações do crédito bancário, mas também nos juros dos países.

Os desafios da inflação e da crise energética levaram o Governo a anunciar vários pacotes de medidas dirigidas às empresas, que incluíram uma linha de crédito de 600 milhões de euros ou o alargamento de apoios a indústrias de consumo intensivo de gás.

Estas medidas foram reforçadas pela intervenção de 3.000 milhões de euros nos mercados de eletricidade e de gás natural, dirigidos às empresas.

Entre as medidas para apoiar famílias contaram-se também os apoios extraordinários de 125 euros para pessoas com rendimentos anuais brutos até 37.800 euros e o de 50 euros por dependentes até aos 24 anos, assim como o complemento excecional a pensionistas no valor de 50% da pensão mensal.

No final do ano, o executivo aprovou ainda um apoio extraordinário de 240 euros dirigido a famílias que recebem prestações mínimas ou que beneficiem da tarifa social da energia, que se soma ao apoio de 60 euros pagos em abril e julho a estas famílias.

O Governo limitou ainda a 2% o aumento máximo das rendas, reduziu para 6% o IVA da eletricidade para consumos até 100 kWh/mês e permitiu a transição para o mercado regulado do gás.

Por outro lado, a inflação deu uma ajuda às receitas fiscais do Estado e o Governo estima oficialmente para este ano um défice de 1,9% do PIB, ainda que o primeiro-ministro já tenha indicado que “não ultrapassará seguramente 1,5%”.



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