Açoriano Oriental
Escultura de Maria Ana Vasco Costa na Fonseca Macedo

Trabalho apresentado por Maria Ana Vasco Costa na Galeria Fonseca Macedo remete para a questão do tempo e a fixação do momento


Autor: Ana Carvalho Melo

Na sala de exposições da Galeria Fonseca Macedo, as paredes estão despidas e é no chão que é apresentada a instalação 5a.m. da ceramista Maria Ana Vasco Costa.

Um conjunto de peças de cerâmica onde o verde da água do mar dos Açores vibra com a textura das peças que surgem acompanhadas por rochas vulcânicas vidradas, dando vida a a esta escultura.

“Esta peça quase remete para a questão do tempo e a fixação do momento em que o escorrido da água se relaciona com as paisagens da ilha, a água das lagoas. Mas também parece um tabuleiro de jogo onde as peças são lançadas”, descreveu a artista que no seu trabalho procura “encontrar e estabelecer ligações entre o fragmento e o material cerâmico como imagem resultante de uma coleção de memórias da sua perceção pessoal da natureza”.

E falando sobre esta escultura, a ceramista Maria Ana Vasco Costa contou como foi o processo criativo de conceção. “Eu tenho usado estas placas cerâmicas numa continuidade do meu trabalho de arte urbana. Neste caso quando estava no ateliê, ao ver as peças no chão, achei que tinham um caráter muito escultórico que me apetecia revelar e mostrar. Também no ateliê tinha estas rochas nas quais tinha feito experiências. E assim as coisas começaram a ligar-se e a fazer sentido, como se tudo fizesse parte da mesma peça”, explicou.

Lembrou ainda que, sendo filha de um micaelense, as cores da ilha estão presentes no seu imaginário. “Nos últimos oito anos estou sempre cá um mês por ano e esta cor, entre os azuis e os verdes, é muito chamativa para mim e até há pessoas que comentam que é uma cor muito presente no meu trabalho. E de facto ela está muito presente”, refletiu.

Para além da peça que está em exposição na Fonseca Macedo, Maria Ana Vasco Costa tem também o seu trabalho representado na Casa da Galeria, espaço de alojamento integrado na Galeria, onde uma das paredes ostenta uma instalação da artista.

“É um trabalho onde aplico a tradição das artes decorativas à arquitetura usando azulejo tradicional português monocromático e a partir daí construo padrões, uma experimentação diferente”, revelou.

Maria Ana Vasco Costa vive e trabalha em Lisboa. A sua prática centra-se essencialmente em escultura e intervenções site-specific, utilizando a cerâmica como material de eleição.

Formada em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de Lisboa, foi na Cerâmica que encontrou o seu caminho, tendo após uma experiência profissional de quatro anos em Londres decidido realizar formação em Cerâmica no Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual.

Foi selecionada para o Mostyn Open 19 e as suas intervenções têm sido premiadas nos Surface Design Awards, UK, em 2016, 2017 e em 2018.

Maria Ana é atualmente corresponsável pelo departamento de Cerâmica do Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual.

Na Galeria Fonseca Macedo a artista já tinha participado na mostra coletiva “No Feminino”, que reunia trabalhos de nove mulheres, artistas plásticas.

Esta exposição, que pode ser visitada até 17 de setembro, integra a programação do Festival de Artes Walk&Talk, que celebra este ano a sua 11.ª edição. 

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