Açoriano Oriental
Empresários dos Açores avisam presidente do governo que salários "nunca foram tão elevados"

Associações açorianas ligadas ao turismo manifestaram esta sexta feira “total surpresa” e “estranheza” com as declarações do presidente do Governo Regional sobre a responsabilidade dos empresários em colmatar a falta de mão-de-obra, afirmando que “nunca os pagamentos foram tão elevados”.

Empresários dos Açores avisam presidente do governo que salários "nunca foram tão elevados"

Autor: Lusa /AO Online

Num comunicado enviado pela Câmara do Comércio e Indústria de Ponta Delgada (CCIPD), lê-se que aquela instituição, a Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo; a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares; as Casas Açorianas; a Associação de Alojamento Local dos Açores e a Associação Regional das Empresas de Atividades Turísticas ficaram surpreendidas com as declarações de José Manuel Bolieiro sobre a necessidade de cativar profissionais com “melhores remunerações”.

"De janeiro a julho de 2022, os pagamentos ao pessoal da hotelaria cresceram 10,6%, comparativamente com o período homólogo de 2019. Ou seja, um acréscimo muito superior ao valor da inflação. Nunca os pagamentos aos trabalhadores foram tão elevados como este ano”, realçam as associações, citando “estatísticas regionais”.

Na terça-feira, o presidente do governo açoriano afirmou que os empresários têm a “responsabilidade” de “saber cativar” profissionais para o setor do turismo, com “melhores remunerações”, “formação contínua” e “tempo de lazer”.

Os empresários lembram as “enormes dificuldades” que o setor atravessou em 2020 e 2021 devido à pandemia da covid-19.

“Os apoios públicos foram importantes para este efeito mas é importante sublinhar que foram insuficientes para que as empresas não tivessem registado pesados prejuízos naqueles dois anos”, destacam.

As associações empresariais reforçam que foi possível, no início deste ano, em sede de contratação coletiva, “alcançar um acordo que permitiu uma valorização salarial e outros benefícios para os profissionais” da hotelaria e restauração, em montantes “muito acima do valor então esperado para a inflação”.

Os empresários condenam a referência feita pelo presidente do Governo Regional ao “tempo de lazer”, vincando que as “empresas respeitam, naturalmente, o que está estipulado na lei sobre períodos de descanso e lazer para os trabalhadores”.

“Não se compreende também a referência feita ao tempo de lazer e o que a mesma significa, pois muitas funções na área do turismo, pela sua natureza, implicam horários de trabalhos diferenciados”, lê-se no comunicado.

As associações referem ainda que as empresas fazem “maioritariamente” a formação dos seus trabalhadores em “contexto de trabalho” e “sem apoios públicos”.

“Há responsabilidades que cabem, em primeiro lugar, às entidades governamentais e que as empresas têm de suprir”, alertam, referindo-se à formação.

Os empresários reconhecem a “responsabilidade social” das empresas, que estão “dispostas a contribuir” para a melhoria das remunerações, mas ressalvam estar “aguardar que as entidades públicas resolvam os problemas que são da sua competência”.

No Dia Mundial do Turismo, o líder do executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM) afirmou que, “para cativar, é preciso garantir aos futuros trabalhadores ou aos atuais […] motivação e realização pessoal e profissional na sua carreira com melhores remunerações, com qualificação e formação contínua e com obviamente tempo de lazer”.


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