Açoriano Oriental
Economistas defendem compensações às empresas pelo aumento do ordenado mínimo

Ordem dos Economistas alerta para possíveis problemas de “tesouraria” e “viabilidade” das empresas açorianas e defende medidas compensatórias

Economistas defendem compensações às empresas pelo aumento do ordenado mínimo

Autor: Carolina Moreira

O presidente da delegação regional da Ordem dos Economistas, Francisco Bettencourt, alerta para possíveis problemas de “tesouraria” e “viabilidade” das empresas açorianas, devido ao aumento previsto do ordenado mínimo para 2023, e defende medidas que ajudem a “compensar” o incremento dos custos.

“O aumento do ordenado mínimo, embora não compense a subida da inflação para as famílias, porque abrange uma franja muito grande de trabalhadores, implica sempre um investimento muito considerável por parte das empresas, o que pode complicar a sua viabilidade. Acredito que as empresas venham a ter problemas de tesouraria devido a este aumento”, alerta Francisco Bettencourt.

Nesse sentido, o economista realça que esta medida “tem de ser compensada, pelo menos numa fase inicial, de forma a que as empresas possam suportar também os consequentes aumentos da segurança social e de outros impostos, até porque estamos a recuperar de dois anos de pandemia e as empresas ainda não estão com a sua tesouraria equilibrada”, ressalva.

Para Francisco Bettencourt, esta compensação terá de partir do Governo da República, uma vez que se trata de uma decisão a nível nacional. “A decisão sobre o aumento do ordenado mínimo é do Governo da República. Como tal, qualquer compensação que haja a esse nível também deverá ser efetuada pela República”, afirma.

O economista prevê ainda que o aumento do ordenado mínimo em 2023 possa ter repercussões “ao nível do emprego futuro” na Região e que venha a “pressionar os restantes níveis remuneratórios”.

“Não tenho dúvidas de que, em empresas onde o ordenado médio não é muito superior ao ordenado mínimo, haverá pressão por parte dos restantes níveis para também serem aumentados. Será um processo evolutivo que depois irá acompanhar todos os níveis seguintes e isso é preocupante para as empresas”, alerta.

Questionado pelo Açoriano Oriental sobre de que modo a atual conjuntura económica poderá agravar a situação das famílias e das empresas, o representante dos economistas nos Açores fala numa “tempestade perfeita” para possíveis “incumprimentos”.

“O aumento da inflação, que é visível no incremento do custo dos bens, e o aumento exponencial dos juros dos créditos, uma vez que estamos a falar de aumentos de três pontos percentuais, são fatores que agravam a situação das famílias e das empresas, principalmente quanto maiores forem os empréstimos. Toda esta situação faz prever um incumprimento de ambas as partes, apesar de já se falar em medidas para aumentar os prazos de pagamento para se tentar diluir esse incremento dos juros”, aponta.

Francisco Bettencourt fala, por isso, num “ano de 2023 mais complicado” e defende que, ao nível das famílias, terá de haver “uma preocupação grande com as camadas mais vulneráveis” por parte do Governo açoriano.

Quanto às empresas, destaca que será importante a aposta em “créditos a fundo perdido ou com bonificação dos juros para que possam continuar a sua atividade, já que muitas delas ainda não conseguiram recuperar dos dois anos de pandemia”, salienta.

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