Mette Frederiksen explicou que essa possibilidade resulta de uma proposta de “cooperação bilateral de Defesa” apresentada pelos Estados Unidos fora do âmbito da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), a que pertencem os dois países.
"A forma exata que esta colaboração assumirá ainda não foi definida, mas poderá incluir a presença de soldados norte-americanos, equipamento e material militar em solo dinamarquês”, disse Frederiksen numa conferência de imprensa em Copenhaga, citada pela agência France-Presse (AFP).
Frederiksen disse que as negociações sobre o acordo não foram precipitadas pela tensão entre a Rússia e a Ucrânia, mas reconheceu que a crise atual ilustra a perspetiva dinamarquesa sobre a necessidade de um reforço da cooperação.
A chefe do Governo social-democrata disse ainda que o acordo em negociação com Washington aponta para uma cooperação semelhante à que os EUA têm com a Noruega.
O ministro da Defesa dinamarquês, Morten Bødskov, referiu que a iniciativa não significa que os EUA vão abrir bases no país nórdico, mas permitirá aos militares norte-americanos disporem de outras facilidades na Europa.
“A NATO e os Estados Unidos são os garantes da nossa segurança e é por isso que estamos lado a lado com os Estados Unidos quando os valores ocidentais como a democracia e a liberdade são desafiados”, disse Bødskov, durante a mesma conferência de imprensa.
Ao lado de Frederiksen e Bødskov, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jeppe Kofod, disse que a Dinamarca é apenas um dos vários países europeus a intensificar as parcerias de defesa com os EUA.
“A liberdade não é de graça e os amigos aproximam-se em tempos de conflito. É isso que a Dinamarca e os EUA estão a fazer agora”, disse Kofod, citado pelo jornal dinamarquês em língua inglesa The Copenhagen Post.
A Dinamarca, que lutou ao lado dos EUA no Iraque, tornou-se um dos aliados mais próximos de Washington na Europa durante as últimas duas décadas, segundo a AFP.
No âmbito da crise na Ucrânia, a Dinamarca reforçou esta semana o nível de preparação de um batalhão de 700-800 soldados para que possa ser mobilizado pela NATO no prazo de 1-5 dias.
O Governo também deslocou dois caças F-16 para a ilha de Bornholm, no Mar Báltico, para proteger o espaço aéreo dinamarquês.
“Estamos a reforçar as nossas capacidades militares para podermos reagir mais rapidamente, se a situação assim o exigir”, disse o chefe das Forças Armadas, general Flemming Lentfer, à agência noticiosa dinamarquesa Ritzau na terça-feira.
O Governo de Copenhaga já tinha enviado uma fragata para o Mar Báltico e quatro F-16 para a Lituânia em janeiro, para reforçar o flanco oriental da NATO.
A Dinamarca é um dos países fundadores da NATO e é membro da União Europeia (UE).
A Ucrânia e os seus aliados ocidentais acusam a Rússia de ter concentrado dezenas de milhares de tropas na fronteira ucraniana para invadir novamente o país, depois de lhe ter anexado a península da Crimeia em 2014.
A Rússia nega qualquer intenção bélica, mas condiciona o desanuviamento da crise a exigências que diz serem necessárias para garantir a sua segurança, incluindo garantias de que a Ucrânia nunca fará parte da NATO.
